São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Cirurgias são transmitidas a telão

MARCELO OLIVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

A transmissão de cirurgias direto do Hospital São Salvador, em Goiânia (GO), via cabo aos médicos presentes no 7º Congresso Brasileiro de Cirurgia Digestiva democratiza o conhecimento técnico, segundo os participantes.
Ontem, no auditório Rio Vermelho, do Centro de Cultura e Convenções de Goiânia, assistiram à transmissão de duas cirurgias simultâneas aproximadamente 1.500 congressistas.
Numa faculdade ou no período de residência (estágio) que o futuro médico faz, no máximo três ou quatro alunos podem assistir a uma operação, segundo o professor de cirurgia Orlando Marques Vieira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 64.
Formado em 1956, o médico foi um dos primeiros a passar por um período de residência no Brasil.
O goiano Luiz Rassi, 76, que preside a comissão científica do congresso, formou-se em 47, quando nem sequer havia o estágio.
Ambos dizem que as transmissões ao vivo democratizam o conhecimento. "Com esses recursos, ficou bem mais fácil para os médicos e estudantes descobrirem as novas técnicas aplicadas dentro e fora do Brasil", diz Rassi.
"Tudo foi gravado e, quem quiser, pode levar uma cópia em vídeo para casa, para fixar bem, acrescenta Vieira.
"A transmissão dá um panorama da cirurgia para um grande número de pessoas. Cada vez mais, em todos os congressos, a técnica é usada", disse Carlos Ignacchiti, 58, cirurgião de Belo Horizonte (MG) que assistiu às operações.
Como funciona
Duas salas de cirurgia do hospital são preparadas com um equipamento de transmissão ao vivo.
Via cabo, som e imagem chegam até uma estação receptora no centro de convenções e, de lá, vão para o auditório, num telão.
Na tela surgem imagens simultâneas, uma de cirurgia comum (o paciente é aberto), outra de cirurgia videolaparoscópica (na qual os instrumentos cirúrgicos e câmeras são introduzidas por meio de tubos chamados de cânulas).
Enquanto operam dois casos da mesma doença -ontem a demonstração era de cirurgia de megacolochagásico (inchaço de parte do intestino provocada pela doença de Chagas)-, os cirurgiões ouvem o que é debatido no auditório.
Eles apontam detalhes de suas técnicas e respondem às perguntas de debatedores convidados e da platéia. Carlos da Costa Neves, um dos coordenadores do congresso, diz que o objetivo não é comparar as duas técnicas, mas mostrar a evolução delas.

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