São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Hora do balcão

MARTA SALOMON

Brasília - Muito dinheiro já correu no projeto de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. No mercado das análises políticas, pelo menos.
Há quem pague de R$ 3.000 a R$ 10 mil por uma palestra sobre conjunturas, cenários e, óbvio, prognósticos sobre o futuro da emenda.
O produto é perecível. As "tendências" descritas pelos cientistas políticos têm de ser ajustadas periodicamente até o dia "D" da votação. "É rara a tendência que dure mais de 15 dias", diz um deles.
Parte do PIB brasileiro, que se dispõe a bancar o preço das análises, imagina que a reeleição será "um passeio", depois de algumas emoções próprias do jogo.
É a análise animada pelos que têm acesso ao Planalto e compram o "peixe" que se vende por lá.
Outro tipo de análise trata de apontar os obstáculos que ainda farão o mercado pular nos próximos meses. Apontam para o outro preço da reeleição -o dos votos que vão decidir se a Constituição vai ser mudada para beneficiar FHC.
Não há, no mercado, cientista político que aposte previamente na derrota da reeleição, coisa que se ouve na boca do prefeito Paulo Maluf.
Mas o principal "peixe" vendido pelo prefeito pegou. Ele fez o que pôde para plantar a dúvida: qual será o preço a ser pago pelo presidente pela reeleição? "Altíssimo", para os malufistas.
FHC quer impor limites à pressão do fisiologismo. Negociações que possam eventualmente ser publicadas nos jornais ou que custem apenas a saliva do presidente.
Quem quiser conferir depois, anote: o deputado Salatiel Carvalho (PPB-PE) garantiu ontem que não venderá seu voto, já comprometido com Maluf.
"Não tenho dúvida: se quisesse barganhar meu voto no Planalto, conseguiria", diz o deputado, dono de uma rádio em Recife dada pelo ex-ministro das Comunicações de Sarney, Antonio Carlos Magalhães.

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