São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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Novo livro de Allende traz culinária baiana

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CACHOEIRA (BA)

Dois pratos típicos da cozinha baiana -moqueca de siri mole e bobó de camarão- devem estar nas páginas de um novo livro da escritora chilena Isabel Allende, 54, a ser lançado no segundo semestre do próximo ano.
Antes do lançamento do seu novo livro -um ensaio ainda sem título sobre o erotismo, receitas afrodisíacas e culinária-, Isabel Allende vai editar um livro com as cartas que recebeu de pessoas de todo o mundo que leram "Paula".
"Cartas a Paula" será lançado simultaneamente em espanhol e português, em abril do próximo ano. "Quero fazer uma homenagem às pessoas que ficaram comovidas com o drama pelo qual passei", disse a escritora. Paula é a filha de Allende que morreu depois de ficar quase um ano em coma.
Sobrinha do ex-presidente chileno Salvador Allende (deposto pelo golpe militar de 1973), Isabel Allende chegou à Bahia na última quinta-feira.
No sábado, Isabel Allende visitou a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira (108 km a oeste de Salvador), no Recôncavo Baiano. Leia a seguir trechos da entrevista dada por Isabel Allende à Agência Folha, em Cachoeira.
*
Agência Folha - A sra. poderia citar algumas receitas da culinária baiana que estarão em seu próximo livro?
Isabel Allende - Vou usar algumas receitas que aparecem em "Dona Flor e seus Dois Maridos", "Gabriela Cravo e Canela" e "Tereza Batista Cansada de Guerra" (obras de Jorge Amado). Posso antecipar que o bobó de camarão e a moqueca de siri mole vão estar nas páginas do meu próximo trabalho.
Agência Folha - Em seus depoimentos, a sra. elogiou muito a Bahia. Que imagem a sra. leva daqui após sua primeira visita?
Allende - Fiquei encantada e comovida com a Bahia. Já havia lido toda a obra de Jorge Amado e tinha uma idéia bem definida do que iria encontrar em Salvador. Agora, com a visita, é como se eu fosse um personagem dos livros de Jorge Amado.
Agência Folha - Sua obra e a de Jorge Amado se integram ao que podemos chamar de literatura latino-americana. Quais são as semelhanças entre elas?
Allende - Talvez o interesse pelo povo mais simples. Tudo o que escrevemos é pensando no resgate da simplicidade das pessoas.
Agência Folha - Qual a importância da temática local nas obras de Jorge Amado e nas suas?
Allende - De uma aldeia, nós podemos conectar o mundo. Basicamente o ser humano é o mesmo, em toda parte do mundo. Os sentimentos, as emoções, as motivações são sempre os mesmos para um baiano ou um finlandês.
Agência Folha - A sra. disse que seu próximo livro é um resgate do feminismo. Por que essa preocupação?
Allende - Tudo o que escrevo tem uma visão feminista, social, política. Meus livros terão sempre essa conotação, porque sou assim.

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