São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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A Tribe Called Quest se volta ao hip hop mais ortodoxo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

A Tribe Called Quest surgiu no seio de um segundo boom que o rap vivia pelos idos de 88, quando pipocaram -e tiveram boa acolhida de mídia e público, até no Brasil- De La Soul, Jungle Brothers, Neneh Cherry, Queen Latifah, Monie Love.
Todos faziam, mais ou menos, parte de uma mesma confraria. Cada um deles, de lá para cá, tomou rumo divergente dos outros.
"Beats, Rhymes and Life" mostra o recuo da banda em questão, daquele rap mais dedicado à melodia e à variedade -que caracterizou toda a gangue- para vertentes mais ortodoxas.
Por ortodoxia, leia-se: melodias (se é que as há) monocórdicas, scratches brincalhões, samples de obscuridades -como os excertos sinfônicos em "Get a Hold"-, samples dos inevitáveis James Brown e Kool and the Gang.
O resultado do disco -organizado como uma grande suíte- é de nível, especialmente em faixas melódicas, como "1nce Again" e "The Hop" (cuja letra coloca lado a lado O.J. Simpson, Van Halen, Megadeth e Pocahontas).
Mas nada chega ao pop poderoso daquele disco de estréia, denominado "People's Instinctive Travels and the Paths of Rhythm", que colocava em fila raps melódicos como "Push It Along", "Bonita Applebum" e "I Left My Wallet in El Segundo", e samples descarados de Lou Reed e Marvin Gaye.
Desde então, o pop perdeu espaço gradativamente em seu trabalho, de "The Low End Theory" (91) a "Midnight Marauders" (93) e, em especial, neste novo.
Assim, se rap é repetitivo na raiz, a repetição CD a CD leva a banda a franca fase de não ter o que dizer a um público não específico. Só não querem deixar de fazer rap (diferentemente, por exemplo, de Neneh Cherry), e isso é uma opção. A ser respeitada.

Disco: Beats, Rhymes and Life
Banda: A Tribe Called Quest
Lançamento: Jive (importado)
Quanto: R$ 23
Onde encomendar: London Calling (tel. 011/223-5300)

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