São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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CPI vai investigar emissão feita por Pitta

FERNANDO GODINHO; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma operação da Secretaria das Finanças do Município de São Paulo para pagamento de precatórios (débitos determinados por sentenças judiciais), realizada em 1995, será investigada pelo Senado.
No ano passado, a secretaria era comandada por Celso Pitta (PPB), futuro prefeito de São Paulo.
A investigação será conduzida pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada ontem no Congresso com a função de apurar supostas irregularidades no pagamento de precatórios de Estados e municípios entre 95 e 96.
No final de 94, o Senado autorizou a emissão de 606.490.548 títulos do Tesouro municipal de São Paulo para pagar precatórios. A emissão só foi feita em 95, e a secretaria captou R$ 947.470.022,14 com a venda dos títulos.
Segundo relatório do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, a prefeitura usou R$ 147.181.983,22 para o pagamento de precatórios. Assim, conseguiu um saldo de R$ 800.288.038,92 com a operação. O TCM ressalta que "as justificativas apresentadas pela Secretaria das Finanças não foram suficientes para eliminar a falta de critério com que foi solicitada a autorização do Senado".
A investigação da operação será defendida na CPI pelo PT. O relator, Roberto Requião (PMDB-PR), disse que títulos autorizados antes de 95, mas negociados em 95 e 96, deverão ser investigados pela CPI.
Outro lado
O secretário municipal das Finanças de São Paulo, José Antônio de Freitas, explicou que o saldo de R$ 800 milhões está distribuído entre o fundo de liquidez e o fluxo de caixa da prefeitura.
Segundo Freitas, o fundo -que serve para dar garantias aos títulos do Tesouro paulistano- absorveu R$ 615 milhões da emissão.
O saldo restante, de R$ 185 milhões, foi alocado no caixa da prefeitura para a eventualidade de um novo precatório ser encaminhado.
Freitas afirmou que, em setembro passado, a prefeitura quitou todos os precatórios existentes até outubro de 88. Agora, aguarda a decisão da Justiça sobre a correção dos valores. O saldo obtido com a operação servirá para pagar as correções determinadas, disse Freitas.
Veto a Lerner
A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado barrou ontem um projeto permitindo aumento de dívida estadual, contrariando a tradição de aprovar todos os pedidos de governadores.
Apesar dos apelos do governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT), a líderes governistas para aprovação em regime de urgência de empréstimo de R$ 175 milhões do Bird (Banco Mundial) para um programa de alívio à pobreza rural, o aval do Senado não saiu.
Bastou denúncia de Requião de que Lerner não publica os demonstrativos financeiros do Estado desde setembro e se recusa a prestar informações ao Senado para que a tramitação do pedido de empréstimo fosse interrompida.
A rotina da CAE é atender com rapidez os pedidos de governadores. Segundo os senadores Gilberto Miranda (PMDB-AM), presidente da CAE, e Elcio Alvares (PFL-ES), Lerner disse que não poderia dar os dados pedidos porque isso prejudicaria o Estado.
(FERNANDO GODINHO e SÔNIA MOSSRI)

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