São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996 |
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Bethânia comemora 50 anos com poemas de Fernando Pessoa
CARLOS CALADO
Para a direção, ela convidou o diretor teatral Fauzi Arap, seu parceiro frequente desde a década de 60. "Sou uma intérprete dramática. Para atuar, sempre prefiro o drama à comédia", diz a cantora, admitindo que resiste à insistência de Arap e outros amigos para que algum dia faça um show cômico. "Tenho um jeito de moleca, adoro brincadeira, mas quando subo no palco eu sou a própria tragédia grega", diz, rindo. A cantora acha que a atitude compenetrada e dramática que acabou marcando sua imagem pública é uma herança do precoce início de sua carreira. Bethânia tinha apenas 17 anos quando foi convidada a substituir Nara Leão no musical "Opinião". Graças à canção "Carcará" (João do Vale), de um dia para o outro ela ficou conhecida em todo o Brasil. "Era um espetáculo de uma importância social imensa. Foi deslumbrante, mas tive que buscar forças nem sei de onde. Eu era uma menina e tive que virar adulta rapidamente. Isso me trancou muito", afirma. Com o tempo, sem abrir mão de seu estilo dramático, Bethânia foi descobrindo uma relação mais serena com a música. "Não preciso mais viver cada palavra das canções", diz. Aniversário Para comemorar seus 50 anos (completados em junho), Bethânia decidiu reviver sua trajetória musical, sem recorrer a um roteiro cronológico, ou mesmo cantar todos seus sucessos. "Senti um desejo grande de voltar a falar no palco. Escolhi Fernando Pessoa porque acho que ele me traduz demais", explica. Entre poemas e trechos em prosa, o show inclui dez textos de Pessoa, vários deles extraídos do livro "Desassossego". A escolha de Fauzi Arap -que já dirigiu Bethânia em seis shows, desde "Comigo Me Desavim", em 1967- também foi natural. "Ele sempre pediu que eu fosse essencial no palco. E sinceridade é um elento fundamental neste show." Quanto ao repertório musical, além de lembrar momentos de sua carreira, Bethânia também quis reservar espaço "para a realidade atual da composição no Brasil". O que ela resume em novas canções de Adriana Calcanhoto, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, Chico César e Orlando Moraes, que foram incluídas no CD "Âmbar". E, como não poderia faltar em um show comemorativo, entram também no repertório sucessos antigos na voz de Maria Bethânia, como "Rosa dos Ventos", "Negue", "Sonho Impossível" ou "Grito de Alerta". "Quero homenagear as pessoas que me acompanharam nesses anos", diz a cantora. Show: Âmbar Artista: Maria Bethânia Direção: Fauzi Arap Arranjos: Jaime Além Cenografia: Gringo Cardia Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, tel 011/531-4900, Moema, zona sul) Quando: estréia amanhã, às 21h30; sexta e sábado, às 22h; domingo, às 20h; até o dia 15 Quanto: R$ 30 a R$ 60 Texto Anterior: Tom Jobim é homenageado em songbook Próximo Texto: Apresentação se torna disco ao vivo Índice |
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