São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bomba mata 2 e fere 83 em Paris

Atentado não é reivindicado

BETINA BERNARDES
DE PARIS

A explosão de uma bomba às 18h05 de ontem (15h05 de Brasília), dentro de um vagão de estação subterrânea do trem RER de Paris, deixou dois mortos e 83 feridos, sendo 7 em estado muito grave.
Nenhuma organização havia assumido a autoria do atentado até as 21h de ontem (horário local). A explosão aconteceu na estação Port-Royal, no Quartier Latin, um dos bairros mais tradicionais da capital francesa. O explosivo usado foi uma bomba de gás de 13 kg, colocada no segundo vagão da composição do RER (sigla de Rede Expressa Regional).
Entre os 83 feridos, 7 correm risco de vida, 28 foram gravemente atingidos e 48 foram levemente afetados.
O primeiro-ministro Alain Juppé e o ministro do Interior, Jean-Louis Debré, foram ao local cerca de 30 minutos após a explosão e confirmaram que se trata de um atentado.
Os dois colocaram imediatamente em vigor em Paris o plano Vigipirate, que aumenta a vigilância para evitar novos atentados. O plano cobrirá toda a França a partir de hoje.
O presidente Jacques Chirac, em pronunciamento menos de duas horas após a explosão, afirmou que se tratava de um "ato de barbárie e terrorismo" e se disse determinado a "lutar por todos os meios contra o terrorismo em todas as suas formas". "Nada será negligenciado neste assunto."
Uma comissão interministerial se reuniria ontem a noite para tratar da concretização do Vigipirate em território nacional. Os presidentes das companhias ferroviárias e do metrô participariam do encontro para estudar a aplicação do plano nas estações.
Esse plano entra em vigor quando há ameaça à segurança nacional. Ele foi acionado em 1995 durante os atentados cometidos pela organização argelina GIA (Grupo Islâmico Armado) em Paris.
Pelo Vigipirate, as Forças Armadas são convocadas para participar da segurança de locais públicos, como estações de metrô, trens, aeroportos, escolas e prédios da administração pública.
A três semanas do Natal, as grandes lojas francesas serão um dos locais privilegiados na vigilância conjunta de militares e policiais.
Testemunhas que passavam pelo local na hora do atentado disseram ter ouvido um forte barulho durante a explosão. Todos afirmaram que a fumaça era intensa e tomou imediatamente não apenas a estação, mas toda a área que a cerca.
Embora não haja ainda nenhuma indicação sobre a autoria do atentado, rádios e TVs francesas destacaram as coincidências entre a explosão de ontem e as de 1995.
O engenho utilizado é do mesmo tipo do usado pelo GIA ano passado. O alvo também é parecido.
A explosão de ontem ocorreu a duas estações de distância da estação Saint-Michel, onde, em 25 de julho de 1995, oito pessoas morreram e 84 ficaram feridas em um atentado do GIA.

Texto Anterior: Governo apura "ouro nazista" no Brasil
Próximo Texto: Morre o historiador Georges Duby, 77
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.