São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A prioridade de FHC

VALDO CRUZ

Brasília - Duas histórias contadas por líderes sindicais sobre um tempo que deixou saudades nos trabalhadores brasileiros.
Na década de 70, era comum a turma de recrutamento de pessoal da Mercedes pegar uma perua e seguir para a portaria da Volkswagen.
Objetivo: roubar da concorrente profissionais com algum tipo de especialização, pagando melhores salários.
Outra cena corriqueira no final dos anos 70. Durante as assembléias de greve na região do ABC paulista, os líderes sindicais costumavam perguntar: "Quem quer sair da fábrica?"
Quem participou daquelas manifestações diz que pelo menos um terço dos trabalhadores levantava a mão. E muita gente saía mesmo.
Hoje, a cena mais comum é outra: empresas sem placa de oferta de trabalho exibindo filas de desempregados. "A pessoa entra na fila na esperança de surgir uma vaga que não existe", diz um angustiado presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
O ministro Paulo Paiva (Trabalho) afirma que essa, infelizmente, é uma realidade da Grande São Paulo. E que, segundo ele, não vai mudar tão cedo. Tende a piorar.
Em outros cantos do país, o ministro diz que está havendo ou pode vir a acontecer uma reação. "Quando vou ao Ceará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná, Minas, vejo que o clima é outro. Em São Paulo, não, o clima é tenso."
A exceção, segundo Paulo Paiva, é Pernambuco, onde os usineiros estão em dificuldades financeiras.
A saída para atenuar a crise em São Paulo é reduzir o custo do emprego, insiste o ministro do Trabalho. Ele defende projeto de lei que cria o contrato temporário de trabalho, em tramitação na Câmara desde março.
O problema é que as centrais sindicais não se entendem sobre o assunto.
O governo tampouco demonstra empenho. O projeto de Paulo Paiva está longe de merecer a mesma dedicação da emenda da reeleição.

Texto Anterior: Privatizar os políticos
Próximo Texto: Velhas palavras
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.