São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juízes podem parar por reajuste salarial

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), desembargador Paulo Medina, defendeu ontem a paralisação nacional de juízes contra a reforma administrativa e por reajuste salarial.
Ele disse não descartar uma mobilização com centrais sindicais, inclusive com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), para unificar todo o funcionalismo em torno dessas duas questões.
"A CUT inspira movimentos reivindicatórios legítimos quando o servidor é pisoteado."
Cerca de cem dirigentes de entidades dos magistrados reuniram-se ontem em Brasília para começar a preparar a mobilização.
A paralisação não tem data marcada, mas deverá ocorrer antes de fevereiro, quando está prevista a votação do relatório sobre a reforma administrativa no plenário da Câmara dos Deputados.
"Chegou ao fim a nossa estratégia de contemporização. Nenhum de nós pode mais permanecer em silêncio", disse Paulo Medina.
Como todo o funcionalismo, os juízes vão completar em janeiro dois anos sem reajustes salariais. Eles querem reposição de 59%.
A reforma administrativa em tramitação na Câmara estabelece teto de R$ 10.800 (salário de ministros do Supremo Tribunal Federal) a todo funcionalismo público.
A fixação de um limite máximo de salário do funcionalismo forçará a redução de vencimentos da maioria dos desembargadores (vinculados à Justiça estadual) em fim de carreira.
É o caso do presidente da Associação Paulista de Magistrados, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, que disse receber R$ 12 mil, após 35 anos de serviço. "Espero que respeitem o meu direito adquirido."
Não há consenso entre juízes federais e estaduais sobre a fixação do limite máximo de salário.
Parte dos estaduais quer que as vantagens pessoais fiquem excluídas do vencimento, o que preservaria remunerações acima do teto.
Oficialmente, a AMB defende a instituição do teto salarial, mas faz outras restrições às mudanças previstas na reforma administrativa.
Segundo o presidente da entidade, decisão do STF já proíbe os magistrados de ganharem mais do que ministros do Supremo.
A AMB critica a inexistência de um piso para juízes, a falta de escalonamento salarial na hierarquia da Justiça (federal e estadual) e a competência exclusiva dos governadores para fixar o valor máximo do salário em cada Estado.
"Não podemos ser tratados como meros servidores públicos, porque somos especiais", disse o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Pádua Ribeiro.
O encontro dos magistrados ocorreu na cobertura do Kubitschek Plaza Hotel.

Texto Anterior: FHC já admite recuo em mudança do ITR
Próximo Texto: Pertence critica articulação contra teto para parlamentares
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.