São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Prefeito escolhe Eid para as articulações

XICO SÁ
EMANUEL NERI

XICO SÁ; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Três anos depois de cair em desgraça com o caso Paubrasil (veja quadro abaixo), o empresário Calim Eid retoma o controle da tropa de choque malufista.
Aos 73 anos, Eid é o principal articulador político e financeiro do esquema montado pelo prefeito Paulo Maluf (PPB) para chegar à Presidência da República.
A escolha de Celso Pitta como candidato à prefeitura foi o lance decisivo para que o empresário retomasse o seu antigo papel nos rumos do malufismo.
Antes de qualquer outro aliado do prefeito, o empresário defendeu o nome de Pitta. Sempre discreto, Eid conta que a sua importância junto a Maluf é "coisa do passado". Reconhece, no entanto, que teve a sua marca a indicação de Pitta."Via grandes qualidades nesse rapaz", disse à Folha.
Intrigas
Consolidada sua escolha, Pitta enfrentou problemas. Os secretários Roberto Richter (Saúde) e Reynaldo de Barros (Obras) eram os preferidos do esquema do prefeito paulistano.
O próprio Maluf preferia Richter, que também tinha o apoio do publicitário Duda Mendonça.
A escolha de Pitta se materializou durante jantar na casa do prefeito, em abril. "Vocês me convidaram para 'vender' o Richter. E eu acho que o melhor é o Pitta", disse Eid.
Dias depois da reunião, o empresário viajou para Nova York. Na mesma semana, recebeu um telefonema de Maluf: "O candidato vai ser mesmo o Pitta". Foi o suficiente para que o velho articulador retomasse sua antiga liderança.
Durante a campanha, segundo apurou a Folha, Eid voltou também a ajudar na coleta de recursos, embora o tesoureiro oficial do PPB fosse o empresário Jorge Yunes.
Quatro telefonemas
No papel de "guru" e conselheiro permanente, Calim Eid atende uma média de quatro telefonemas diários de Paulo Maluf.
A escolha acertada de Pitta serviu para o prefeito confirmar que o "faro político" do empresário estava em dia.
Para o projeto Maluf-98, Calim Eid conta com a ajuda do seu amigo Heitor de Aquino, colaborador fiel do PPB paulista com os seus conselhos à moda do general Golbery do Couto e Silva.
Aquino foi assessor de Golbery durante o regime militar (64-85) e é apontado como um dos herdeiros, em matéria de estratégia política, do conhecimento do general.
Para manter-se no comando das operações rumo a 98, Eid terá de mostrar toda a sua habilidade em uma complicada rede de grupos que cercam o prefeito.
Na linha de disputa de influência junto a Maluf, o empresário tem como rivais, entre outros, o publicitário Duda Mendonça e Edevaldo Alves da Silva, atual secretário municipal de Governo.
Além de montar a estrutura para 98, Eid também se preocupa em assegurar poder na gestão de Pitta, com quem está definindo várias indicações para o secretariado.

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