São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Para polícia, parapsicóloga é ligada a tráfico de crianças

CRISTINA RIGITANO
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia acredita que a parapsicóloga Eneida Magalhães seja ligada ao tráfico internacional de crianças. A prova seria uma anotação dela, encontrada anteontem por policiais, na casa de Jacarepaguá (zona oeste do Rio) onde 13 crianças eram mantidas.
Um trecho do documento tinha o seguinte conteúdo: "...registro pronto para eu fazer aqui com a nacionalidade que eu quiser". A anotação foi feita no verso de uma carta enviada a Eneida por uma mulher identificada como Luciana, de Guarapuava (PR).
Para a polícia, a carta é relativa à adoção de um menor. O nome do juiz Renê Pereira da Costa, de Guarapuava, está no alto da anotação.
"É um indício de que ela está envolvida com tráfico internacional de crianças. A nacionalidade pode ser da criança ou dos pais. Mostra a facilidade que ela tem de falsificar documentos", diz o detetive Fernando César Barbosa, da Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Eneida está presa na Polinter de Niterói. Seu marido, Roberto Souza Rocha, foi preso anteontem. Os dois prestaram depoimentos contraditórios. Ele diz não saber onde estão outros oito filhos do casal.
As 13 crianças estão no Centro Municipal de Ação Social Integrada Ayrton Senna, Mangueira.
Por determinação do juiz Siro Darlan, da 1ª Vara da Infância e Adolescência do Rio, três menores vão retornar para Guarapuava (PR), de onde teriam saído ilegalmente. Um comissário de menores da cidade vem ao Rio buscar Josiane Ribeiro, 11, Anderson Rodrigo de Oliveira, 11, e Júlio César, 9.
Segundo a polícia, outros 21 menores passaram pelas mãos de Eneida. Ontem à tarde, o advogado dela, Vicente Moreira, levou cartas de apoio da mãe às crianças. "Eneida diz que mãe é quem cria. Não sei se as crianças são adotivas. Estou investigando", disse.
"Acreditamos que as 21 crianças existem. Em 90, ela deu queixa de um incêndio na casa onde morava, e disse ter 27 filhos. Em 92, disse ter 28 em entrevista. Agora diz que tem 13", disse o detetive Barbosa.
Ontem, a polícia esteve num casebre de Eneida, em Jacarepaguá a procura de um cemitério clandestino, que não foi achado. Ontem, um pai-de-santo, de nome não-revelado, disse em depoimento que Eneida fora três vezes ao seu centro dele. A DPCA enviou dossiê do caso à polícia de São Paulo e fotos de 6 desaparecidos à Interpol.

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