São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Um sedutor em ação

VALDO CRUZ

Brasília - Apesar das negativas oficiais, o presidente Fernando Henrique Cardoso está trabalhando a todo vapor pela reeleição.
O almoço na última terça-feira com a bancada mineira do PFL é um exemplo. O presidente foi pessoalmente atrás dos votos de que precisa -308 na Câmara e 49 no Senado.
Tudo foi armado no maior silêncio. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, convidou um grupo de dez parlamentares de Minas para um almoço em sua casa.
O deputado Hugo Rodrigues da Cunha se surpreendeu quando o presidente FHC chegou. "Eu não sabia que ele iria. É sempre bom falar com o presidente em mangas de camisa."
FHC pediu que todos fizessem suas queixas. Um a um, foram desfiando o seu rosário de reclamações, como se diz em Minas.
A bancada pefelista mineira anda descontente com o governo. Reclama de quase tudo. Da falta de verbas a ministros insensíveis, o que não é bom para quem deseja garimpar votos.
Rodrigues da Cunha reclamou da liberação de verbas do Orçamento da União. "Falei que destinar apenas R$ 1,5 milhão para as propostas dos parlamentares é muito pouco. Precisamos de pelo menos R$ 20 milhões."
O deputado diz que não fez nenhuma chantagem. "Há dois tipos de toma-lá-dá-cá. Um legítimo, como pedir a liberação de verbas de interesse coletivo. Outro imoral, como pedir a nomeação de um irmão."
O presidente agradou a todos, foi muito cordial, mas saiu sem fazer promessas, no relato do deputado.
Rodrigues da Cunha diz, porém, que "é preciso mais do que cordialidade" -a senha de que o primeiro passo para conquistar o voto do grupo foi dado, mas ainda falta alguma coisa.
Pelo apetite presidencial, a bancada mineira vai acabar sendo surpreendida novamente. Um presentinho, seguindo o espírito natalino, deve ser providenciado.
O Palácio do Planalto espera, em retribuição, votos de boas festas e de um feliz novo mandato.

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