São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Quercismo sofre derrota em eleição

Vencedor quer relação 'harmoniosa' com Covas

FRANCISCO CÂMPERA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O prefeito de Osasco, Celso Giglio (PTB), foi eleito ontem presidente da APM (Associação Paulista de Municípios) por aclamação. A vitória de Giglio representa o fim da hegemonia de nove anos do quercismo na direção da entidade.
Giglio afirma que sua atuação será "apartidária e democrática". Além do seu partido, PTB, a chapa vencedora contou com o apoio de PMDB, PFL, PPB, PSDB, PL, PDT e PSD.
O novo presidente pretende ter uma relação "harmoniosa" com o governador Mário Covas. Ele quer aprofundar a discussão sobre os problemas enfrentados pelos municípios.
A entidade foi o braço político de Quércia. A influência do ex-governador pode ser detectada até na escolha da sede, que funciona ao lado do escritório político dele em São Paulo.
Giglio recebeu os 602 votos dos eleitores que compareceram à sede da entidade para votar.
Cerca de dez mil eleitores -entre prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do Estado de São Paulo- poderiam participar.
A principal bandeira da campanha de Giglio foi o municipalismo. Ele vai defender maior repasse de verbas dos governos federal e estadual para os municípios. Segundo ele, "muitas cidades estão em situação pré-falimentar".
Segundo o atual presidente, Wilson José Abdalla, mais de cem municípios enfrentam pedido de intervenção por causa dos precatórios (dívidas judiciais). "O presidente que vai assumir vai ter muito trabalho pela frente", afirmou.
Disputa judicial
O concorrente de Giglio, o prefeito de Piracicaba, Antônio Carlos Mendes Thame (PMDB), contesta a validade da disputa. Abdalla tentou impedir a eleição há duas semanas. Alegou que o estatuto da entidade deveria ser reformado primeiro, no dia 14 de dezembro, quando aí sim poderia ser marcada a data da eleição.
O prefeito de Osasco conseguiu a participação de sua chapa por meio de liminar, obtida na quarta-feira.
Thame entrou ontem com recurso na Justiça contestando a legalidade do pleito. O juiz Luís de Macedo, do Tribunal de Justiça, condicionou a validade da eleição ao julgamento da ação movida por Giglio.
Em 48 anos de existência, foi a primeira vez que duas chapas disputaram a direção da APM.
Abdalla afirmou que Quércia não interferiu na eleição de ontem. "Ele não me deu nenhum telefonema", disse o atual presidente, que é amigo pessoal do ex-governador.

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