São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Garoto recua na versão do sequestro

DA FT

Depois de afirmar ter sido sequestrado, Deivyson André da Silva, 13 anos, voltou atrás e mudou a versão sobre o fato de ter ficado dois anos e seis meses desaparecido. O garoto contou à mãe, Maria José Bezerra, 30, ter fugido de casa porque foi "iludido" por Gelvan Joaquim da Silva, 30.
Em sua nova versão, o garoto alegou que Silva o iludiu com promessas de presentes para que saísse de casa. "Ele me disse que ia me dar um monte de coisa, inclusive um walk-man e uma bicicleta."
O garoto afirmou ainda que Silva o molestou sexualmente, mas que não denunciara o fato antes por ter ficado com vergonha.
Silva e Amarildo Batista Fernandes, 31, presos na terça-feira sob a acusação sequestro, foram libertados anteontem.
O juiz da 3ª Vara Criminal de São Bernardo, Alex Tadeu Zilenovski, pôs Silva e Fernandes em liberdade com base no parecer do promotor Celso Froes Brocchetto, que apontou falhas no inquérito sobre a prisão em flagrante dos dois.
Mãe envergonhada
A mãe de Deivyson, Maria José, recebeu a nova versão com reservas. Ela disse que o garoto nunca havia mentido anteriormente, mas que, agora, está desconfiando de tudo o que ele fala. "Eu não consegui entender por que ele inventou essa historia de sequestro."
Maria José afirma estar com vergonha de sair à rua. Ela conta que sente as pessoas a olhando com reprovação. "A alegria que eu tive em encontrar o meu filho acabou virando pesadelo."
Ontem, Maria José levou o filho para fazer exame de corpo de delito. O resultado deverá sair somente daqui a 15 dias. Segundo ela, o filho também será examinado para saber se sofreu violência sexual.
Silva nega as acusações e mantém a versão de que o menino pediu para ser retirado de casa.
Indenização
Os advogados de Silva e Fernandes vão entrar com pedido de indenização contra o Estado. Nos dois dias em que ficaram presos, os acusados foram espancados por colegas de cela com barras de ferro e pedaços de madeira.
Na segunda-feira, eles farão exame de corpo delito no Instituto Médico Legal. "Ambos estavam sob guarda do Estado quando foram espancados. Vamos cobrar essa responsabilidade."

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