São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Malan vê 'excitação precoce' de analistas

MILTON GAMEZ

MILTON GAMEZ; ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Para ministro da Fazenda, déficits comerciais crescentes serão contrabalançados por estímulo à exportação

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que as importações do país ficaram "substancialmente menores" em novembro, o que contribuirá para a redução expressiva do déficit da balança comercial (saldo negativo entre exportações e importações).
Malan recusou-se a detalhar os números do comércio exterior relativos ao mês passado, alegando que estatísticas precisas a respeito sairão dentro de alguns dias. O mercado financeiro prevê déficit entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões.
Em outubro, as importações subiram mais que o esperado e atingiram a cifra de US$ 5,496 bilhões, provocando um déficit comercial recorde de US$ 1,3 bilhão.
O número causou sobressaltos no mercado financeiro. Se o saldo negativo persistir a longo prazo, essa situação poderá pressionar a taxa de câmbio, forçando o governo a desvalorizar o real mais acentuadamente do que vem fazendo, disseram analistas.
O ministro classificou tais análises de "excitação precoce". Para ele, as medidas recentes de incentivo à exportação -redução de ICMS, linhas de financiamento e seguro de crédito de exportação- surtirão efeito no ano que vem.
"O déficit da balança comercial é perfeitamente financiável pelos investimentos externos no país. Aliás, já o foi neste ano. 1996 acabou", disse Malan, que participou de almoço com empresários do setor de eletroeletrônicos e de um seminário sobre as perspectivas econômicas para 1997, em São Paulo.
Malan admitiu que o governo recebeu e está estudando pleitos do setor exportador para eliminar a alíquota de 15% sobre os financiamentos às exportações, contida no projeto de lei do Imposto de Renda de pessoas jurídicas para 1997, em tramitação no Congresso.
O ministro afirmou que o país entrará no ano que vem em ritmo de crescimento econômico acelerado e negou a necessidade de medidas para conter o consumo.
"As pessoas e os bancos aprenderam a tomar e a dar crédito; vemos uma acomodação nesse processo", disse.
Malan previu crescimento do PIB (soma de produtos e serviços do país) entre 4,5% e 5% em 1997.
A inflação, arriscou, irá ficar abaixo de 10% ao ano.
"Pela primeira vez desde 1952 teremos inflação abaixo de um dígito. Não abrimos mão do controle da inflação", frisou o ministro.
Para ele, o principal desafio do governo continuará sendo o ajuste das contas públicas.
Presente ao seminário, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, disse que aposta na desaceleração natural da economia no 1º trimestre de 1997.

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