São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Morre compositor João do Vale aos 62

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

O compositor João do Vale, 62, morreu em consequência de derrame cerebral (trombose) às 13h15 de ontem em São Luís (MA).
Vale estava internado desde novembro em coma parcial na UTI do UDI Hospital, em São Luís.
Desde a sua internação, o compositor havia sofrido dois derrames cerebrais que o deixaram praticamente paralisado. Segundo o médico Carlos Gama, Vale era diabético e sofria de hipertensão arterial -que causou insuficiência renal.
O corpo do compositor seria levado ontem à noite do hospital para a AML (Academia Maranhense de Letras), onde seria velado até a madrugado de hoje.
Por volta das 2h, estava previsto o transporte do caixão com o corpo do compositor para a cidade de Pedreiras (cerca de 300 quilômetros de São Luís), cidade onde Vale nasceu e morava até antes de ser internado. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), decretou luto oficial hoje pela morte de João do Vale.
Muitos intérpretes da MPB gravaram canções escritas pelo compositor maranhense.
Um dos grandes sucessos de João do Vale é a música "Carcará", que ficou conhecida na voz da cantora Maria Bethânia.
O cantor Caetano Veloso gravou "Asa do Vento", outra música escrita por Vale. O último CD da cantora Elba Ramalho traz a canção "Estrela Miúda", um dos primeiros sucessos do compositor, que compôs cerca de 400 músicas.
A primeira música gravada por Vale foi "Cesário Pinto". Em 1953 a cantora Marlene gravou o xote "Estrela Miúda".
Em 1964, João do Vale participou, com Nara Leão e Zé Keti, do show "Opinião", escrito por Armando Costa, Oduvaldo Viana Filho e Paulo Pontes.
Nara foi substituída por Maria Bethânia. E surge a antológica interpretação de "Carcará", que projetou nacionalmente o compositor e a intérprete.
Ele compôs em 1969 a trilha sonora do filme "Meu Nome é Lampião", de Mozael Silveira.
Em 1987, sofreu um derrame cerebral, que deixou sequelas: durante três anos, o compositor ficou preso a uma cadeira de rodas, além de adquirir dificuldade de comunicação.
Em 95, Chico Buarque organizou uma coletânea de João do Vale, com renda revertida para o compositor maranhense. Foram 16 regravações, entre 443 composições do autor. Participaram Edu Lobo, Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Alceu Valença, o próprio Chico, entre outros.
Sobre a obra de João do Vale, Chico Buarque disse: "João do Vale está na mesma linha de Luiz Gonzaga e, para mim, sua obra tem tanto peso e valor quanto a de Gonzaga".
João do Vale era casado e tinha sete filhos.

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