São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996 |
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INTERESSES ESPACIAIS Durante a Guerra Fria, a corrida espacial representava o lado simpático do confronto entre Estados Unidos e União Soviética. Dissociados da acelerada e assustadora corrida armamentista, astronautas norte-americanos e cosmonautas soviéticos disputavam a atenção de todo o mundo com suas façanhas em nome do avanço da ciência e da sede da humanidade por novas conquistas. Hoje, sem o embate entre Ocidente e Oriente que impulsionava as viagens espaciais, o setor luta para manter-se vivo. Deixou de ser questão de segurança nacional para ser tratado como simples meio de fomentar reais avanços científicos ou apenas satisfazer a natural curiosidade humana sobre o universo. Na Rússia, os investimentos em programas espaciais foram reduzidos ao mínimo. Nos EUA, o fim das corridas armamentista e espacial criou um vácuo de oportunidades econômicas que alguns setores -basicamente o da desprestigiada indústria armamentista- tentam, com seus lobbies, preencher. Movidos por um afã em justificar a necessidade de novos investimentos, tais setores tentam transformar toda e qualquer novidade científica em empreendimentos, como no caso da ainda não confirmada descoberta de água na Lua. Apenas a divulgação do que pode vir a ser uma fonte de abastecimento para possíveis bases lunares já causou grande frenesi sobre uma futura colonização do satélite natural da Terra. Coisa semelhante ocorre com o planeta Marte, para onde uma nova sonda norte-americana foi lançada nesta semana. O anúncio de que há vestígios do que seriam formas primitivas de vida no chamado Planeta Vermelho já causou curiosidade científica suficiente para garantir novos programas visando o seu estudo. Na exploração do espaço, lamentavelmente, a ciência, antes refém de questões políticas, está hoje nas mãos de interesses econômicos. Texto Anterior: SOCIALIZAÇÃO DE PREJUÍZOS Próximo Texto: Tão longe e tão perto Índice |
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