São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Tão longe e tão perto

CLÓVIS ROSSI

Cingapura - Tanto se fala dos "tigres asiáticos" que viajei para Cingapura, um dos mais reluzentes deles, preparado para me impressionar. Preparação dispensável.
Basta descer no aeroporto de Changi: seu programa de qualidade total determina que 90% dos passageiros levem no máximo 35 minutos para passar pelo controle de passaporte e alfândega e deixar o terminal.
Funciona. Em 35 minutos não só deixei o aeroporto como cheguei ao hotel, distante 25 km.
A cidade (o país, aliás, se resume a ela) impressiona também pela suntuosidade dos inúmeros centros comerciais. É reflexo direto de 25 anos consecutivos em que a economia de Cingapura cresceu à fantástica média anual de 9% (entre 70 e 95).
Impressiona igualmente pela limpeza quase absurda das ruas. Como é proibido fumar em lugares públicos, há delicados cinzeirinhos em cada cruzamento, pelo menos por onde passei.
Ficam lá. Ninguém leva embora. E ninguém fuma.
O principal jornal em inglês, "The Straits Times"', circulou em plena sexta-feira com 164 páginas e uma pilha de anúncios de botar inveja em todos os diretores comerciais dos jornais brasileiros.
E destina-se a apenas 2,8 milhões de habitantes (menos do que os que vivem só na zona sul de São Paulo), assim mesmo distribuídos por etnias cujas língua original não é o inglês, mas malaio e chinês.
Aí, leio resumo de palestra do patriarca-mor de Cingapura, Lee Kuan Yew, que manda no país desde a independência, há 31 anos. Explica por que o regime é de partido único: porque o seu partido faz sistemática caça de talentos e, portanto, atrai os melhores. "Não vejo na oposição seriedade de propósitos e conteúdo intelectual para ser alternativa", diz.
Bom, assim Cingapura fica mais perto do Brasil do tucanato, não é mesmo?

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