São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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La noblesse obligée

MARTA SALOMON

Santa Cruz de la Sierra - Será um refresco para o presidente Fernando Henrique Cardoso viajar hoje para a Bolívia e fazer política de boa vizinhança com os colegas do continente americano.
A agenda da Cúpula de Santa Cruz passa de raspão no tema recursos hídricos. Bem longe da turbulência do mais recente escândalo do Orçamento, que ameaça turvar o esforço governista para aprovar logo a emenda da reeleição. Nada de falar em açude.
Como nos dias que antecederam a instalação da CPI que pôs fim ao governo Collor, os governistas acham que a nova denúncia não dará em nada. Faltariam provas, dizem, para incriminar o deputado Pedrinho Abrão (PTB-GO) por cobrança de propina.
E como corrupção não costuma deixar recibo, a agenda política poderia voltar ao normal na semana que vem. De preferência, sem arranhões maiores à imagem do Congresso que vai decidir o futuro do projeto FHC.
O presidente poderá até fazer de conta que nada aconteceu. Afinal, as prioridades listadas pela cúpula política do governo não incluíam a reforma da Comissão Mista de Orçamento.
Apesar dos sinais relatados por interlocutores de FHC de que o jogo do rateio de verbas públicas estava pesado.
A decisão de fazer vista grossa teve um motivo: faltava consenso entre os aliados para mexer na Comissão de Orçamento -responsável apenas por uma pequeníssima parcela de decisão sobre o destino do dinheiro público.
Na agenda internacional, os recursos hídricos são ponto secundário do plano de ação montado para promover o desenvolvimento dos países sem agravar a qualidade de vida da população.
Resta saber se nada obrigará que também esse plano fique no papel. Assim como as medidas recomendadas ao final da CPI do Orçamento, há dois anos. Aquelas que deveriam evitar novos escândalos com o dinheiro do contribuinte.

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