São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Menor culpa o pai pelo vício

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

M.S.P., 14, diz que foi levado involuntariamente a fumar crack pelo pai, com quem mora. A mãe morreu há três anos. Ele fumou a droga pela primeira vez no ano passado.
M.S.P. teve o primeiro contato com cigarro comum ao acender o do pai, há dois anos.
"Um dia vi o cachimbão do velho. Eu já tinha ouvido falar de crack, mas não sabia que ele transava. Eu mesmo acendi, achei esquisito, mas depois bateu."
Quando soube, o pai tentou convencê-lo a não fumar a droga. "Ele ameaçou me bater, mas já era".
Roubando pedras do pai, o garoto passou a fumar na prainha artificial da cidade de Ubarana, de 3.000 habitantes (480 quilômetros de São Paulo).
Na prainha, ele se encontra com amigos, também menores, de outras cidades. Todos já experimentaram a droga. Hoje dependente, M.S.P. diz fumar todos os dias.
O delegado de Ubarana, Luciano de Siqueira, 31, afirma que sabe que a prainha é ponto de fumantes de crack, mas diz que ainda não conseguiu nenhum flagrante.
M.S.P. não estuda. Cursou até a 3ª série do 1º grau. Até duas semanas atrás, ele trabalhava na safra da laranja. Os cerca de R$ 200 que recebia eram usados para comprar pedras.
Desempregado, M.S.P. tem ido a Rio Preto quase todos os dias. É onde pega a droga. Ele diz que o dinheiro da laranja está acabando, mas não quer voltar para a roça.

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