São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Comisão deve pedir cassação de Abrão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comissão de sindicância da Câmara que investiga a denúncia contra o líder do PTB, Pedrinho Abrão (GO), pretende ouvir todas as testemunhas amanhã e encerrar seus trabalhos na quarta-feira.
A tendência da comissão é pedir a cassação do mandato de Abrão. O depoimento considerado chave pela comissão é de Alfredo Moreira, diretor da empreiteira Andrade Gutierrez em Brasília.
Segundo a Folha apurou, Moreira deverá confirmar que Abrão lhe pediu 4% de propina para a liberação dos R$ 42 milhões necessários para finalizar a barragem do Castanhão, no Ceará, cuja obra é de responsabilidade da empresa.
A Andrade Gutierrez não decidiu ainda se Moreira comparecerá pessoalmente à Câmara ou enviará seu depoimento por escrito. A empresa teme que o diretor seja hostilizado por parlamentares do PTB.
Além do diretor, também devem depor amanhã o secretário de Recursos Hídricos, Paulo Romano, e os deputados João Leão (PSDB-BA) e Pedrinho Abrão.
Prova testemunhal
O ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente e Recursos Hídricos) não apresentou prova documental de sua denúncia em depoimento na semana passada.
Mas o relator da comissão, deputado Hélio Bicudo (PT-SP), não considera esse fato relevante. "Qualquer fato pode ser provado por escrito ou por meio de um testemunho. A questão é simples: ou fez ou não fez", disse.
Bicudo disse que o texto será resumido. "Escrever muito, às vezes, é desaconselhável, porque há mais chances de se contradizer."
Segundo ele, o prazo estabelecido para a entrega do relatório é suficiente para chegar a uma conclusão.
Se a comissão decidir pela cassação do mandato de Abrão, o caso ainda será julgado pela CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) e pelo plenário da Câmara.
O presidente da comissão de sindicância, deputado Ronaldo Perim (PMDB-MG), disse que o cronograma de depoimentos só será alterado se surgir algum fato novo.
"Os trabalhos serão concluídos na terça-feira, a não ser que os depoimentos nos levem a outras pessoas", afirmou.
A comissão já ouviu, na semana passada, o ministro Gustavo Krause e o deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE). Landim negou sua participação na reunião em que Abrão teria pedido a propina.
Até a última quinta-feira, Abrão ocupava a subrelatoria do Orçamento para emendas do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, mas acabou destituído por causa do escândalo.
Segundo a denúncia, em 25 de novembro Abrão teria recebido o diretor da Andrade Gutierrez e Landim. Na conversa, teria condicionado a manutenção das verbas para o término da barragem que a empreiteira constrói no Ceará à propina de 4% de seu valor.

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