São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Fábrica da Volks deixa a fase de testes

FERNANDO PAULINO NETO
ENVIADO ESPECIAL A RESENDE (RJ)

O consórcio modular, novo sistema de fabricação de veículos implantado pela Volkswagen em Resende (RJ), entra em produção plena no começo de janeiro.
Na virada do ano, o sistema -que coloca fornecedores montando os veículos dentro da fábrica- deixa a fase de testes, em que um caminhão é fabricado por dia, para passar a um ritmo de produção muito mais acelerado.
A expectativa de Luiz Antônio Penteado de Luca, 36, supervisor de manufatura, é que, no final de janeiro, estejam sendo preparados 20 caminhões por dia na fábrica de ônibus e caminhões da Volkswagen, em Resende, a 150 quilômetros do Rio.
Quando estiver em plena atividade, a fábrica, instalada à margem da rodovia Presidente Dutra, deverá produzir 30 mil caminhões e ônibus ao ano ou 50 veículos em cada um dos dois turnos diários de trabalho.
O sistema imaginado pelo espanhol José Ignácio López de Arriortúa, que deixou a General Motors em 1993 para implantá-lo na Volks e demitiu-se da vice-presidência da empresa há duas semanas, prevê uma economia de custos de 20% em relação ao sistema tradicional de linha de produção.
Poucos funcionários
A filosofia do consórcio modular estabelece que cada fornecedor de peças e componentes seja responsável pela montagem e garanta a qualidade de seu produto. Com isso, somente entre 10% e 15% dos funcionários são da própria Volkswagen.
Os demais são vinculados aos chamados "parceiros", ou seja, aos fornecedores.
Quando estiver em pleno funcionamento, o consórcio deverá manter mil empregos diretos.
Integram o consórcio as seguintes empresas: Iochpe-Maxion, Rockwell, Remon, MWM, Cummins, Eisenmann, Delga e VDO.
Ao contrário do que ocorre nas fábricas tradicionais, as obras civis em Resende só tiveram início depois que estava totalmente pronto o projeto do "consórcio modular". Em consequência, o espaço é utilizado mais racionalmente.
Cada empresa tem uma doca especial para descarregar suas peças, o que evita circulação de estoques pelas áreas comuns da fábrica. Cada módulo (como são chamados os espaços dos fornecedores) tem uma área contígua à de montagem para guardar peças.
Durante todo o processo, não entram em cena funcionários da montadora alemã. Só trabalham na montagem os empregados dos oito fornecedores, escolhidos após uma pesquisa com 60 empresas.
Diferenças
Apenas um funcionário da Volks, batizado de "maestro", supervisiona toda a produção. Os empregados da montadora só entram na fase final, quando são realizados testes nos caminhões.
Segundo de Luca, a principal dificuldade para colocar em prática o sistema foi adaptar os padrões dos "parceiros". Ele explica: "São empresas com nacionalidade, filosofia, mentalidade e engenharia de processo diferentes".
Foi preciso pegar o que cada uma tinha de melhor em logística, software, política de treinamento, controle de qualidade e padronizar "para que todos trabalhassem harmoniosamente".

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