São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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As dúvidas da Chesf

LUÍS NASSIF

Há dúvidas na Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) a respeito da adoção, em outras regiões do país, do modelo de privatização praticado em São Paulo -pelo qual as empresas são separadas regionalmente entre distribuição e geração para efeito de privatização.
A Chesf dispõe de ativos da ordem de US$ 18 bilhões. Descontando a dívida, caem para US$ 6 bilhões ou US$ 7 bilhões.
Considera-se na companhia que o modelo paulista é viável para São Paulo devido à alta concentração de consumidores. Já no Nordeste há uma geração altamente concentrada e um consumo esparso.
A Chesf produz 10 mil megawatts de eletricidade -em dezembro, irá para 10,2 megawatts. Necessita de 15 mil quilômetros de linhas só para geração e transmissão. É o mesmo montante da Cesp, que, no entanto, atua na área de distribuição também.
Além disso, toda a geração da Chesf depende de 100 quilômetros do rio São Francisco. Se separar operações, corre o risco de se provocar desequilíbrios. Se todas as usinas resolverem operar a plena capacidade, rompe-se o equilíbrio.
De qualquer modo, essa questão deverá ser resolvida com a aprovação pelo Senado da nova lei de gerenciamento de recursos hídricos, que deverá acertar as diversas formas de aproveitamento de um rio: geração de energia, agricultura, abastecimento de cidades.
Esgotamento
Outra questão relevante a enfrentar é que a energia hidráulica do Nordeste está se esgotando com Xingu.
Há duas opções. A primeira, trazer energia do Norte por meio da linha Norte-Nordeste. A segunda, apelar para a geração térmica daqui a três anos, com gás natural importado.
A energia da Chesf garante até o ano 2000. Com a linha Norte-Nordeste, até 2002.
Fim de explosão
A julgar pelos dados levantados pelas estatais paulistas, a explosão do consumo de energia elétrica chegou ao fim.
Segundo a publicação eletrônica "Análise Energia", em função dos números apurados em outubro, o Boletim Conjuntura Energia, da Secretaria de Energia de São Paulo, prevê o crescimento do ano em 5%.
Nas áreas de concessão da CPFL, Eletropaulo e Cesp, entre janeiro e setembro de 1996, o consumo acumulado das residências teve crescimento de 10,8% (em relação ao mesmo período do ano anterior), diante dos 11,8% de 1995.
Os índices ainda são elevados e bem acima da média de outras regiões. Dados da Eletrobrás mostram que, até agosto, o crescimento do consumo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi de, respectivamente, 6,8%, 7,8% e 8,8%, enquanto nas regiões Sul e Sudeste restringiu-se a 5,3% e 5,5%. Na média do país, ficou em 6%.
A partir de agora, analistas do setor prevêem ciclo de crescimento menos explosivo e mais consistente, o que permitiria melhor planejamento.
O lado negativo é que a redução da curva foi provocada, principalmente, pela redução do uso de energia elétrica nas residências e no comércio e pela manutenção dos cortes de energias interruptíveis, determinada pela Eletrobrás.

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