São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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PIB deve crescer 4% no próximo ano

Taxa é baixa, dizem economistas

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira deverá continuar crescendo a um ritmo "modesto" em 97, de acordo com previsão de economistas.
Para o Corecon (Conselho Regional de Economia) de São Paulo, o crescimento do PIB -Produto Interno Bruto, que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país- será de 4% em 97. Deverá ficar um ponto percentual acima do previsto para 96.
Os economistas do conselho, que divulgou ontem suas perspectivas para o próximo ano, afirmam que o baixo crescimento do PIB ainda reflete os ajustes econômicos do Plano Real.
Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Corecon, diz que o crescimento da economia ainda está restrito aos saldos da balança comercial, que vêm registrando sucessivos déficits.
"O Brasil se tornou um grande importador de grãos e de bens de capital", diz Lacerda.
Para ele, a falta de dinamismo das exportações gera desequilíbrio na economia, impedindo que ela cresça a taxas acima de 6% ao ano.
O déficit da balança comercial em 97 deverá chegar a US$ 7 bilhões, superando em US$ 2 bilhões o previsto para este ano, informa o conselho.
Os economistas ressaltam que a taxa de câmbio continua supervalorizada, dificultando as exportações, mas divergem sobre como o governo deve resolver a questão.
Para Roberto Macedo, professor de economia da USP, o governo deveria promover um ajuste fiscal.
"O problema básico continuará sendo o ajuste das contas públicas", diz Macedo.
O déficit público operacional, segundo previsão do Corecon, deverá ficar em 3,5% do PIB no próximo ano. Para 96, a estimativa é de déficit de 4% do PIB.
A inflação continua registrando queda, devendo ficar em 7% em 97, de acordo com o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas.
A indústria também irá produzir mais em 97. O crescimento do nível de atividade do setor é estimado em 3,3%. Para 96, o índice deve ficar em 2,2%.
Macedo afirma que os setores ligados à produção dos bens de consumo -alimentos e eletrodomésticos- continuarão crescendo, mas a taxas menores do que as registradas nos últimos dois anos no caso de eletrodomésticos, ficando em torno de 10%.
Produção de grãos
A produção de grãos estimada para 97 é de 77 mil toneladas, também considerada modesta por Fernando Homem de Mello, professor da USP. Ela deverá crescer 5,2% sobre 96, mas ficar 4,5% abaixo da registrada em 95.
Mello ressalta que além dos problemas que os agricultores têm para obter financiamentos, o Brasil está se tornando um grande importador de vários produtos, como algodão, arroz, trigo e milho.
O câmbio desfavorece a produção nacional em relação às importações, diz.
(DFe)

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