São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996 |
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Expressionismo abstrato retorna ao México
MARCELO REZENDE
Littman é o responsável pela exposição "Pintura Estadunidense - Expressionismo Abstracto", que acontece até o próximo mês na Cidade do México. A mostra reúne obras dos principais -e também dos mais discretos- representantes da "escola norte-americana" que disse não ao convencionalismo. Radicado em terras mexicanas, Littman abandonou seu país porque "as coisas e as relações nos EUA são dominadas pelo cinismo" e cuida agora de um museu particular, patrocinado pela Televisa, a maior rede de TV do país. Em vez de cuidar apenas dos fundos recebidos, Littman utiliza seu patrocinador de um modo mais amplo: cria programas para o ensino da história da arte ou como meio de propaganda para suas exibições. Seu mais novo plano é montar uma grande exposição de arte latino-americana, em que serão privilegiados nomes ainda pouco conhecidos. Em visita a São Paulo, Robert Littman falou à Folha sobre o projeto, os americanos na pintura e, claro, TV. * Folha - Por que a mais norte-americana das escolas, o expressionismo abstrato, agora no México? Robert Littman - O que se pode dizer do movimento? Eu não me considero um crítico de arte, mas penso a meu próprio respeito como alguém que pensa e realiza projetos para um museu. A escola foi um ato de rompimento, de dizer não ao figurativismo e repensar as várias tendências que chegavam da Europa. Posso falar de minha experiência pessoal, da primeira vez que vi um quadro de Jackson Pollock e de Joan Mitchell. Eu tinha, acho, uns 12 anos. E me lembro do meu entusiasmo. Não acredito que essa seja uma forma de expressão tipicamente norte-americana. O expressionismo abstrato é universal, passa por todos os lugares. Folha - O sr. está no Brasil para realizar pesquisas para a próxima exposição do Centro Cultural/Arte Contemporáneo? Robert Littman - Minha intenção é realizar no próximo ano uma exposição de arte latino-americana no México. Minha passagem pelo Brasil tem uma relação com esse projeto, mas eu na verdade não tenho ainda uma idéia de como ela será feita, o formato ou os subtemas que podem ser explorados. Estive agora na Bienal e acho que o meu maior problema será limitar os nomes, pois há uma grande quantidade de pessoas produzindo trabalhos interessantes e de valor. A minha segunda tarefa aqui no Brasil foi procurar assistir a alguns filmes publicitários, pois pretendo também realizar uma mostra (do ponto de vista histórico) do filme publicitário criado nos países latinos do continente. Mas, assim como o projeto anterior, são ideias iniciais. Não posso detalhar o que será feito. Folha - Os filmes publicitários têm alguma relação com o fato de que o museu em que sr. trabalha é patrocinado por uma rede de televisão? Há algum tipo de influência, de cruzamento entre esses dois campos? Littman - Eu acredito que a televisão pode servir à arte, ou, no mínimo, a algumas exposições. A Televisa pode ser reconhecida como uma emissora de tom popular, mas ela possui vários canais, e entre eles um dedicado à cultura. Quando cheguei ao México minha intenção produzir programas com perfil cultural. Acredito que milhões de pessoas podem aprender um pouco de história da arte com a televisão, com programas que mostrem a elas o que está acontecendo, o que está sendo exibido. Pense em quantas pessoas visitarão a mostra sobre o expressionismo abstrato e quantas outras podem saber que a exposição existe com chamadas publicitárias, que contem às pessoas o que está se passando por lá. Folha - O museu deve se integrar aos outros meios, buscar um caráter popular? Littman - Eu achei a Bienal de São Paulo uma experiência fantástica, que se aproxima da idéia de que o museu -o espaço de exibição- deve ser ao mesmo tempo um espaço para a brincadeira, o passeio. Como se estivéssemos diante de um "playground" de cultura. A televisão tem aqui um papel importante também. Texto Anterior: Wanda Pimentel "embrulha" paisagens Próximo Texto: Internacional Índice |
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