São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 1996
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Direção pepebista está na lista de devedores do BB

VALDO CRUZ; RAYMUNDO COSTA; RICARDO AMORIM
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Documento foi elaborado um dia antes da reunião da Executiva

A lista do Banco do Brasil com a situação financeira de parlamentares do PPB tem nove nomes, todos da Executiva Nacional do partido, que decidiu não obrigar seus filiados a votar contra a reeleição.
Acusado de vazar o documento para intimidar o PPB, o governo informava ontem que a Polícia Federal pode investigar o caso.
A estratégia de anunciar a investigação da PF foi definida numa reunião entre o governo e líderes governistas. O governo espera reduzir atritos com o PPB.
O documento atribuído ao BB não tem timbre e é datado de 26 de novembro, um dia antes da reunião da Executiva do partido.
Os nove nomes da lista são: Benedito Domingos (DF), José Linhares (CE), Dilceu Sperafico (PR), Romel Anízio (MG), José Janene (PR), Francisco Silva (RJ), Valdenor Guedes (AP), Carlos Camurça (RO) e Alcione Athayde (RJ). Sperafico é suplente da Executiva. Os demais são titulares.
Nem todos que estão na relação têm débitos no BB. Sobre José Linhares, a lista traz a seguinte informação em relação à sua situação bancária: "Não possui negócios em ser (sic) no Banco do Brasil".
Em outros casos, a relação traz a dívida do político junto ao banco. Sobre Benedito Domingos, o documento diz que ele tem um débito de R$ 42 mil no cheque especial.
O próprio parlamentar afirma que viu o seu nome na lista. Ele contesta, porém, o valor. Afirma que já pagou R$ 15 mil e estaria hoje devendo R$ 27 mil.
Outro com anotação de dívida é Sperafico. O documento traz um débito de R$ 185 mil de uma empresa sua, a Sperafico Alimentos, na agência de Toledo (PR) do BB.
O texto diz que a empresa liquidou "três parcelas (duas atualmente vencidas; operação vence em agosto de 2000)". Sobre o deputado afirma: "Dívidas no cheque ouro e cartão de crédito, situação de normalidade".
Ao saber que seu nome estava na relação, Sperafico reagiu irritado, dizendo que seu sigilo bancário estava sendo quebrado.
A existência do documento criou divergências dentro do PPB. Deputados ligados ao prefeito Paulo Maluf, como Delfim Netto (SP), dizem que a lista foi usada para intimidar o partido. A ala governista coloca a origem do documento sob suspeição. "Alguém está usando essa lista para indispor o partido com o governo", diz Pauderney Avelino (PPB-AM).
Romel Anizio e Alcione Athayde confirmaram ter dívidas junto ao BB, que estão sendo pagas normalmente. Anizio disse que interpelará o BB judicialmente. Linhares, que não possui dívidas, deve fazer o mesmo. Até o fechamento desta edição, os outros integrantes da lista não haviam se manifestado.

Colaborou Ricardo Amorim

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