São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Divulgação de lista do BB tem 2 suspeitos

MARTA SALOMON

MARTA SALOMON; VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ex-deputado do PPB entregou a Amin a relação de membros da executiva do partido que devem a banco

VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
A investigação sobre o vazamento da lista de deputados do PPB que devem ao BB (Banco do Brasil) tinha ontem uma testemunha-chave e dois suspeitos de terem elaborado o documento.
A testemunha-chave é o ex-deputado Vasco Furlan, de Santa Catarina, integrante da Executiva Nacional do partido e ligado ao prefeito Paulo Maluf (São Paulo).
Foi ele quem passou ao presidente do PPB, senador Esperidião Amin (SC), a polêmica lista com o nome de nove deputados -quatro deles em débito com o banco.
Por meio de Furlan será possível chegar ao autor da lista.
Os suspeitos, segundo parlamentares do PPB, são dois funcionários do banco cujos cargos aparecem citados no cabeçalho da lista. Eles são Manoel Pinto (secretário-executivo do Banco do Brasil) e Valdemar Júnior (coordenador-chefe da assessoria parlamentar do banco).
Manoel Pinto e Valdemar Júnior disseram à Folha que não foram responsáveis pela elaboração da lista. "Desconheço essa lista. Sei que o pessoal está me acusando, mas não tenho nada com isso", disse Pinto.
Ele lembrou que o banco está fazendo uma auditoria interna para descobrir quem teria vazado informações dos deputados.
Pinto disse ainda que existem outros secretários-executivos e coordenadores-chefes no banco.
Grandes parceiros
Valdemar Júnior disse que a lista, além de não ter sido feita no banco, foi "montada".
"O atendimento aos parlamentares aqui é excelente. Temos grandes parceiros no partido em questão", afirmou.
Em nome de Fernando Henrique Cardoso, o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) disse que o governo irá "às últimas consequências" para apurar e punir os responsáveis pela quebra do sigilo bancário.
"O governo não pode conviver com a suspeição. A credibilidade é indispensável para ação política", disse o ministro. "Não se pode brincar num assunto dessa gravidade", completou.
Santos disse que o governo poderá acionar a Polícia Federal para ajudar a identificar os responsáveis pela lista.
O PPB pediu ontem à direção da Câmara que também investigue o caso. Até ontem, a investigação estava restrita a uma auditoria no Banco do Brasil.
Sigilo político
Ontem, o ministro cobrou do senador Esperidião Amin o nome da pessoa que lhe passou a lista.
Amin se reuniu com Santos e os líderes do governo na Câmara, Senado e Congresso. O senador repassou ao ministro apenas uma cópia da lista.
Sem resposta à principal pergunta que fez a Amin, Santos investiu ontem contra a suspeita de que teria encomendado a lista para pressionar os parlamentares a votar com o governo.
Em sua defesa, o ministro disse que não teria motivos para relacionar os pepebistas devedores porque alguns do que aparecem na lista são computados como votos favoráveis à reeleição.
"Não vou dizer quem para não quebrar o sigilo político", brincou.
A lista relaciona o nome dos deputados Alcione Athayde (RJ), Benedito Domingos (DF), Carlos Camurça (RO), Dilceu Sperafico (PR), Romel Anízio (MG) entre os devedores, além dos deputados Francisco Silva (RJ), José Janene (PR), José Linhares (CE) e Valdenor Guedes (AP), entre os que não teriam negócios com o BB.

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