São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Pareja denunciou ameaça da Polícia Civil

LAURO VEIGA FILHO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O sequestrador e assaltante Leonardo Pareja, 22, assassinado na última segunda-feira dentro da prisão, estaria sendo ameaçado de morte pela Polícia Civil.
A acusação foi registrada em 22 de outubro pela juíza Luiza Fortunato Ricardo, da Vara de Precatórias do Tribunal de Justiça de Goiás, num dos últimos depoimentos prestados por Pareja.
Durante o depoimento, acompanhado também pelo promotor de Justiça Luiz Eduardo Barros Ferreira, Pareja disse ter recebido ameaças de policiais por ter denunciado maus-tratos a presos e suposto envolvimento de investigadores e delegados em roubos de carros. Ele não citou nomes.
O superintendente da Polícia Judiciária do Estado, Nilpho Sebastião Naves, rebateu ontem as acusações de Pareja.
"Nunca houve ameaça à vida de Pareja por parte da Polícia Civil. Ele falava por todos os poros e jogava lama em todos que haviam tentado capturá-lo durante suas fugas", afirmou Naves.
Leonardo Pareja foi morto com sete tiros na manhã de segunda-feira passada, Cinco ex-companheiros são acusados pela morte dentro do Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás (Cepaigo), em Aparecida de Goiânia.
Ainda durante aquele depoimento, enviado ao Ministério Público quatro dias depois, Pareja afirmou que policiais estariam usando presos para tentar eliminá-lo, especialmente após a rebelião comandada por ele em março deste ano também no Cepaigo.
O Ministério Público, segundo o procurador Maurício Nardini, ainda investiga as denúncias de Pareja, sem confirmá-las.
Ontem, a Procuradoria Geral de Justiça do Estado determinou a uma comissão de procuradores atenção especial aos inquéritos que investigam as mortes de 6 entre os 11 líderes da rebelião no Cepaigo. Há suspeita de que haveria uma ligação entre os crimes.
A polícia considera, segundo apurou a Agência Folha, que a morte de Pareja junto com outros dois presos está praticamente esclarecida. Mas há dúvidas ainda a investigar.
Segundo a versão apresentada por Eduardo Rodrigues Siqueira, que assumiu a autoria do assassinato de Pareja, o próprio sequestrador teria comprado a pistola 45 usada para matá-lo.
O dinheiro teria vindo do pagamento de direitos autorais do livro sobre a vida de Pareja.
Ouvido pela Agência Folha, ontem, o editor Fernando Martins, da Multicomunicação Gráfica, Editora e Jornalismo Ltda., responsável pela publicação do livro, disse que Pareja só começaria a receber seus direitos a partir de janeiro de 97.

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