São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Brasil é o 63º pior em morte de crianças

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil reduziu sua taxa de mortalidade de crianças com menos de 5 anos (TMM5), mas manteve a 63ª pior colocação no mundo nessa taxa, considerada pelo Unicef um indicador do progresso de um país. O ranking inclui 150 nações.
"Situação Mundial da Infância 1997", relatório anual do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgado ontem em São Paulo, diz que a TMM5 no Brasil foi de 60 crianças por mil em 1995.
No relatório do ano passado, referente a 1994, o país registrava 61 mortes por mil.
O Brasil fica atrás de países como Vietnã (45 mortes em mil), El Salvador (40), Paraguai (34) e Bósnia-Herzegóvina (17).
O primeiro colocado no ranking é Níger, na África, com 320 mortes por mil. Os últimos colocados, com menor TMM5, são Suécia e Finlândia (5), ambos na Europa.
Apesar dos índices brasileiros, os representantes do Unicef e da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que apresentaram ontem o relatório se disseram otimistas em relação às iniciativas em curso no Brasil.
O relatório de 97 tem como principal enfoque a exploração do trabalho infantil no mundo. O Brasil, segundo o informe, emprega 9,3 milhões de crianças.
O documento cita várias experiências brasileiras em relação ao trabalho infantil.
Relata casos de desrespeito à Convenção sobre os Direitos da Criança, da qual o Brasil é signatário, mas elogia iniciativas consideradas importantes para a erradicação da exploração infantil.
Escravidão
O Unicef relata, entre outros casos, a existência de trabalho insalubre no Mato Grosso do Sul e de escravidão de crianças em minas de carvão de Minas Gerais e Bahia.
O Brasil é lembrado ainda pela chacina da Candelária, como exemplo dos riscos do trabalho de rua exercido por crianças.
Já os elogios são endereçados, entre outros, ao Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, surgido em 85, ao Projeto Axé, da Bahia, e à iniciativa da Abrinq.
Oded Grajew, presidente da fundação, esteve presente à apresentação do relatório e disse que a Abrinq pretende cadastrar, até o final de 97, mil empresas que garantam não empregar crianças em sua linha produtiva.
O Estatuto da Criança e do Adolescente também foi elogiado pelo documento, dentro da abordagem da legislação de proteção à criança.
Vesna Bosnjak, representante adjunta do Unicef no Brasil, diz que o gasto público brasileiro é bastante para suprir a demanda por ensino e saúde fundamentais e ajudar famílias de baixa renda. "A alocação dos recursos é ruim."

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