São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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TRISTE DESCOMPASSO

A Câmara Municipal de São Paulo tem vivido nesta semana um período de certa agitação provocado justamente pela própria bancada do partido governista, o PPB. Período que revela, mais uma vez, a que ponto ainda chegam os objetivos mesquinhos de políticos brasileiros, especialmente no Legislativo.
Insatisfeitos com críticas da atual administração ao funcionamento das administrações regionais, os edis pepebistas ameaçaram romper com o futuro prefeito e limitar as verbas para projetos do Executivo. Ainda ajudaram a criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar irregularidades na gestão Maluf. Tudo bem se o objetivo real fosse a apuração de possíveis irregularidades. Mas não é o que ocorre.
As administrações regionais são históricas áreas de influência dos vereadores que formam a base de apoio ao Executivo, independentemente do partido que está à frente da prefeitura. Por isso, os situacionistas do Legislativo não querem perder o seu poder de indicar -com base em critérios políticos ou pessoais- os ocupantes de cargos nas regionais, que assim se tornam verdadeiros feudos de onde fluem proventos não só de ordem política, mas, frequentemente, também financeiros.
Ávidos por manter tal privilégio a qualquer custo, os vereadores pepebistas aparecem com denúncias contra a administração que sempre apoiaram, prometem limitar as verbas de projetos que, em campanha, cansaram de defender e criticam o político com quem, até poucas semanas atrás, dividiam palanques.
É lamentável a dificuldade da classe política em acompanhar os avanços que o país revela em outras áreas, principalmente a econômica. No Legislativo -municipal, estadual e federal-, o atraso é espantoso. Seus membros continuam, seguidamente e sem constrangimentos, a agir por aspirações pessoais, manutenção de privilégios e interesses menores.
O episódio na Câmara paulistana é mais um exemplo de pequenez na política. Que o eleitor observe atentamente para assim melhor escolher seus representantes, não apenas em São Paulo, mas em todo o país.

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