São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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O Maracanã é em Genebra

CLÓVIS ROSSI

Cingapura - Renato Ruggiero, o italiano que é diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o conglomerado de 128 países que funciona como xerife do comércio internacional, tem a seguinte tese:
"No mundo de hoje a autêntica expressão de soberania é a capacidade de os governos eleitos democraticamente articularem os interesses de seus representados por meio de negociações e compromissos internacionais".
Parece, mas não é exagero.
O boletim "Comércio Exterior em Perspectiva", da Confederação Nacional da Indústria, número de outubro, confirma: "A evolução da economia global tem levado o sistema multilateral a se imiscuir mais com as políticas regulatórias domésticas, o que tira graus de liberdade das políticas econômicas nacionais".
É assim mesmo que funciona. Tome-se o exemplo da política brasileira para veículos. Ela está sendo examinada, a pedido de Estados Unidos e Japão, sob a acusação de violar as normas da OMC.
Se tais países levarem o processo até o fim e o Brasil for condenado nessa espécie de tribunal do comércio que é a OMC, terá que mudar a política. Ou seja, o que o Executivo e o Congresso decidiram terá sido inútil, porque prevalecerá a decisão internacional.
"É aqui que se joga o futuro", concorda Pedro de Camargo Netto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, apontando para o gigantesco centro de convenções em que se reúne a OMC e cansado de batalhar, inutilmente, pela agricultura brasileira.
Para esse jogo, o Brasil precisa de mais atletas de nível. O Itamaraty tem o mais sólido elenco de peritos da burocracia brasileira. Seus melhores quadros jogam de igual para igual com japoneses, europeus e norte-americanos.
Mas, em Genebra, sede da OMC e de vários organismos internacionais, são só 18 contra uns 400 dos EUA, por exemplo.

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