São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Jogo sujo de quem?

VALDO CRUZ

Brasília - A credibilidade do Banco do Brasil foi atingida. Episódios como a divulgação de dados dos deputados do PPB arranham sua imagem. O que é péssimo para uma instituição financeira que recentemente foi socorrida pelo Tesouro Nacional (leia-se contribuinte) para não quebrar.
Um empresário, daquele tipo cliente caixa alta, deve estar imaginando nesse momento: se quebram o sigilo bancário de um parlamentar, podem quebrar o meu também.
Para maior temor da clientela do banco, circulava ontem no Congresso a informação de que mais listas estariam sendo elaboradas. O alvo: a cúpula de outros partidos que mostram resistência à tese da reeleição já.
Outra novidade: teriam vazado apenas uma parte da lista do PPB. A completa, com 15 páginas, traria os dados de toda a cúpula do partido.
Ou seja, a turma do PPB que pegou e saiu distribuindo o documento para a imprensa teria preservado os peixes graúdos.
A tendência dentro do Palácio do Planalto era não poupar os responsáveis pela lista, caso eles sejam descobertos.
No Congresso, porém, alguns líderes governistas tinham sérias dúvidas sobre o desfecho do caso.
Primeiro, não há como negar que as informações tenham saído de dentro do banco. A lista traz detalhes de contas de deputados aos quais só um funcionário poderia ter acesso.
Depois, é muita ingenuidade imaginar que esse funcionário não tenha seguido ordens de um superior. Demitir um servidor de segundo escalão pode acabar revelando a identidade do autor intelectual da lista.
Aí, o episódio pode acabar envolvendo gente graúda, ficando explícito que alguns membros do governo tucano fazem jogo sujo pela reeleição.
Em tempo: circulava ontem a informação de que o documento teria sido elaborado a pedido de algum malufista infiltrado no BB. Para a imagem do banco nada muda, mas, para o governo, isso era visto como uma volta por cima. A conferir.

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