São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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SEGUNDO ROUND

É de se esperar que, quanto menos política seja a indicação de um ministro, maiores sejam as esperanças de que os desafios da pasta venham a ser enfrentados com maior fôlego, sobretudo em uma área problemática como a da saúde.
Ainda está para ser confirmada a reputação de bom administrador atribuída ao novo ministro da Saúde, Carlos César de Albuquerque, em sua experiência no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Mas desde já espera-se de sua gestão o máximo de transparência para dimensionar e combater o desperdício de recursos que parece ocorrer com muita frequência no sistema de saúde, como de resto em outras áreas do governo nas quais é costume ouvir constantes queixas por falta de verbas.
Há grande expectativa de que o ministério faça rigorosa fiscalização contra as fraudes em hospitais conveniados com o SUS e serviços ambulatoriais, além de tornar eficiente a estrutura de prestação de serviços à população. Um empenho gerencial intensivo para combater as deformações do sistema seria pois uma primeira e inarredável tarefa para todo suposto bom administrador.
Como Albuquerque assume o ministério com uma penosa herança de elevadas dívidas acumuladas, e sabendo que os recursos adicionais a serem obtidos pela CPMF não serão suficientes para a quitação dos débitos, mais forçoso se torna priorizar uma adequada destinação dos recursos já existentes.
Ademais, o próprio ministro admite que "não há nenhuma possibilidade de resolver o problema da saúde do país em curto prazo" e que tem pela frente "o desafio de tentar descascar alguns pedacinhos desse abacaxi". Trata-se, por um lado, de uma sintonia realista com os grandes desafios que estão à sua espera. Mas também de mais uma razão para que se dê máxima prioridade ao combate imediato a notórias distorções, sem qualquer delonga.

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