São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONSERVADORES A PERIGO

O "reinado" do Partido Conservador no Reino Unido, iniciado há 17 anos por Margaret Thatcher, pode estar a poucos meses de seu final.
Acuado pelo avanço trabalhista, o premiê britânico, John Major, perdeu nesta semana a maioria que mantinha a duras penas no Parlamento, depois que um parlamentar do seu partido retirou o apoio ao governo. A vitória trabalhista numa eleição complementar para uma vaga na Câmara dos Comuns, dias depois, confirmou o fim da maioria conservadora.
O Partido Trabalhista é grande favorito para conquistar o governo britânico nas eleições previstas para maio de 97. Mas, se formalmente trata-se de uma grande ruptura, na prática a mudança, caso seja confirmada, será de impacto bem menor do que teria sido dez anos atrás.
Os trabalhistas são hoje liderados pelo jovem Tony Blair, que ascendeu rapidamente, favorecido pela crise de identidade de seu partido. Blair decidiu assimilar parte do ideário dos conservadores, distanciando-se dos sindicatos de trabalhadores. Construiu assim o que ficou conhecido como "New Labour".
Tony Blair conquistou o apoio de parcela do empresariado britânico e conseguiu alterar a própria constituição do seu partido para possibilitar a adoção de idéias liberais e privatizantes. Mas não abriu mão das críticas aos modelos de privatização do atual governo conservador.
Uma possível vitória trabalhista em 97 deve deixar o Reino Unido mais próximo de um acordo monetário com a União Européia, um dos maiores tabus enfrentados hoje por John Major junto a membros da legenda conservadora. E, se o Reino Unido está longe do poder econômico e político de décadas atrás, o país é ainda importante para a consolidação de uma Europa unificada.

Texto Anterior: SEGUNDO ROUND
Próximo Texto: Entrei na festa errada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.