São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996 |
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Lista do BB tem mais de 600 políticos
VALDO CRUZ; MARTA SALOMON
O Banco do Brasil tem uma lista sobre a situação financeira de parlamentares bem maior que a divulgada no Congresso. Em vez de nove parlamentares, o listão do BB relaciona mais de 600 políticos que movimentam dinheiro no banco. O documento encontra-se à disposição do secretário-executivo Manoel Pinto, segundo homem da hierarquia do BB, logo abaixo do presidente, Paulo César Ximenes. A existência da lista sustenta a versão que estava sendo arquitetada pelo governo na noite de anteontem, numa tentativa de poupar assessores do Planalto da acusação de quebra de sigilo bancário. Segundo essa versão, a lista seria uma rotina desde 93. Como ela, existiriam outras, de funcionários de primeiro e segundo escalão. Parte dessa lista teria vazado graças à amizade de dois jovens: um assessor do PPB e um servidor do BB. O primeiro é Ronald Christian Bicca, advogado do PPB. A lista teria chegado às mãos de Bicca depois de ter sido descoberta pelo amigo funcionário do banco. Indignado, o amigo teria deixado uma cópia na biblioteca da Câmara, enxergando ali um forte indício de manipulação política. Essa história foi contada pelo ex-deputado Vasco Furlan, da Executiva do PPB. Foi ele quem entregou a lista ao presidente do partido, Esperidião Amin, depois de tê-la recebido do advogado. O amigo de Bicca, segundo assessores do Planalto, é Plínio Gonçalves Dutra. Ele trabalha com o coordenador-chefe de Assuntos Parlamentares do BB, Waldemar Júnior. A Folha tentou, sem sucesso, falar com Bicca e Dutra. A lista acabou comprometendo Waldemar e Manoel Pinto, pois seus cargos são citados no cabeçalho do documento: "Senhor coordenador-chefe, prestamos as informações solicitadas pelo senhor secretário-executivo (...)". O documento, segundo pepebistas, seria usado pelo governo para pressionar a Executiva do partido, na reunião que decidiria a posição em relação à emenda da reeleição. Batata quente Os primeiros suspeitos pela lista foram Ximenes e o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos). Santos negou sua existência, enquanto Ximenes instalava uma auditoria no banco. Anteontem, a cúpula do PPB isentava ambos. Os nove deputados da lista promoveram investigações próprias. Pelo menos um, José Janene (PR), diz ter concluído que a culpa é de Waldemar. "Apurei que foi ele quem mandou investigar minha conta", disse. Segundo Janene, funcionários do BB começaram a vasculhar suas contas em outubro. Waldemar nega. Ele disse que faz seu trabalho usando o guia de autoridades de Brasília. "Sigilo é uma coisa séria", defendeu. Manoel Pinto também negou qualquer envolvimento. "Eu não conheço essa lista", disse. Texto Anterior: A semana de aulas Próximo Texto: Relator quer mudar data da eleição Índice |
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