São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Caos telefônico leva cariocas ao Procon

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O ato de telefonar no Rio se transformou em tarefa de resultados imprevisíveis. Às vezes não dá linha, às vezes dá, mas a ligação não se completa, às vezes se consegue falar, mas com desconhecidos, em número diferente do discado.
Após muitas tentativas, pode se conseguir completar a ligação desejada. Rapidamente, a alegria se transforma em decepção e raiva: a linha cai no meio da conversa.
Os transtornos chegaram a tal ponto que, sem conseguir que a telefônica do Rio resolva o problema de falta de comunicação, o assinante está apelando até ao Procon (Programa Estadual de Orientação e Proteção ao Consumidor).
O órgão contabiliza de 1º de janeiro até 3 de dezembro deste ano 1.009 reclamações contra a Telerj.
Os números deste ano revelam um aumento significativo em comparação com 1995, quando o Procon registrou 693 reclamações.
As queixas quanto à qualidade das linhas partem de todo canto: moradores das zonas norte, sul e oeste do Rio e de cidades vizinhas, como Niterói e São Gonçalo.
Processo Em Ipanema (zona sul), lojas e salas do shopping Fórum (rua Visconde de Pirajá, 351) são afetadas por problemas de linhas desde o dia 28 de outubro.
Revoltados, comerciantes e donos de salas vão processar a Telerj por danos morais e materiais.
Contratado pelos lojistas, o advogado Melvin Bennesby disse que amanhã dará entrada no Tribunal de Justiça com a ação conjunta contra a companhia.
"Cada lojista está levantando as perdas materiais causadas pela falta de telefone. Houve redução de faturamento, de vendas, possibilidades de contrato perdidas."
Os danos morais teriam sido causados pela interrupção do contato dos comerciantes e profissionais liberais com fornecedores e clientes.
"A pessoa ligava e o sinal ouvido era o de um telefone chamando, mas ninguém atendia à ligação. A pessoa pensava que a loja tinha falido, sido despejada ou, pior, se mudado sem que o dono tivesse a consideração de avisar", disse.
Segundo a Telerj, os problemas em Ipanema foram causados pela quebra de um cabo telefônico em 4 de novembro.
"A instalação do cabo datava de 1930. Não havia como recuperá-lo e fizemos a substituição, o que não é simples", disse o diretor do Serviço de Telecomunicações da Telerj, Marcos Rodrigues.
A falta de comunicação pela Telerj foi o que mais revoltou o empresário Antônio Carlos Vidigal. Em novembro, o escritório de Vidigal (centro) ficou sem receber ligações durante duas semanas.
Ao ler que os telefones na região estavam sendo trocados, Vidigal ligou para seu número, substituindo o prefixo velho pelo novo, que vira nos jornais. O telefone tocou.
Segundo o empresário, não houve por parte da Telerj qualquer aviso da mudança. "Fiquei fora do ar. Minha empresa (de consultoria) depende de clientes para funcionar. Quantos clientes perdi? Eu não sei", afirmou Vidigal.

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