São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aposentada ganha R$ 400 como monitora

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FAXINAL DO CÉU (PR)

A professora Enedina Terezinha da Silva, 48, de Cascavel (oeste do PR), decidiu "abdicar" do descanso de uma aposentadoria após 20 anos ensinando no primeiro grau, depois que participou do seminário de educação avançada da Universidade do Professor.
Por um salário semanal de R$ 100, ela trabalha como monitora dos seminários em Faxinal do Céu. Ela disse que a universidade abriu uma nova perspectiva em sua vida, "que é trabalhar pela melhoria do ensino no Paraná".
Segundo ela, é normal que os professores tenham uma certa "reticência" ao chegar para os seminários, "mas isso muda no momento em que eles se descobrem como seres humanos completos".
Silva disse que é comum o professor pensar "que está transformando a sociedade, mas aqui descobre que está apenas reproduzindo o status quo dominante e que é hora de refletir e mudar".
Segundo ela, essa mudança de postura dos professores irá demorar para se refletir na melhoria do sistema educacional, "mas uma hora isso tinha que começar a mudar, e a Universidade do Professor é o início dessa mudança".
Abrangência
Segundo Marister Pires, 30, professora na região metropolitana de Curitiba, o seminário aumentou sua convicção "de que nada é fragmentado, muito menos o ensino em si".
Professora de matemática, ela disse ser fundamental a concretização "de um conhecimento mais abrangente, que leve o professor a se organizar e ter como meta essa abrangência dentro de cada disciplina".
Ela diz que, após ter feito o curso -em março deste ano-, passou a se preocupar em disseminar suas convicções pedagógicas entre colegas de trabalho. "É o que a gente chama de pós-Faxinal, com as pessoas descobrindo que, independentemente da disciplina que ensinam, podem discutir novas metodologias de trabalho."
Para não perder o contato "com as novas experiências", Marister Pires se candidatou a trabalhar como monitora dos seminários.
A participação como monitor levou o professor Eloir Baran, 31, de Guarapuava (sul do PR), a integrar o grupo de monitores pedagógicos (que dirigem grupos de trabalho nos seminários) na Universidade do Professor.
Segundo Baran, além do "crescimento pessoal por meio do aprendizado de novos conhecimentos", o que mais o entusiasma na universidade "é poder conhecer as experiências pedagógicas de colegas de outras regiões".
Baran disse acreditar que os reflexos dessa mudança de postura dos professores "após Faxinal do Céu" só serão sentidos nas salas de aula a médio ou longo prazo.
Isso não impede, segundo ele, de ter a Universidade do Professor como um "divisor de águas" no sistema educacional paranaense.

Texto Anterior: Empresária fica 36 dias sem telefone e fax
Próximo Texto: Experiências serão base para mudanças
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.