São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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VIVENDO NAS RUAS

Em recente levantamento, a Prefeitura de São Paulo contou 5.334 pessoas vivendo nas ruas da cidade, número 17,26% maior do que o de 94 e 32,45% maior do que o de 91, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez. São homens, mulheres e crianças que, sem endereço fixo, sobrevivem de esmolas, do comércio do lixo ou mesmo do crime.
Essa realidade, que também contribui para uma sensação de insegurança que atinge todos os cidadãos, é consequência direta das injustiças de um sistema econômico que não consegue sequer dar alguma proteção aos mais desfavorecidos. O morador de rua é a vítima mais evidente de efeitos que tanto as crises como os ajustes econômicos implicam.
O aumento do número de pessoas espalhadas por São Paulo verificado nos últimos dois anos, período em que o país esteve sob os efeitos (os bons, mas também os ruins) do Plano Real, mostra que mesmo no caso de encaminhamentos considerados bem-sucedidos na economia há sempre um preço a pagar. Mas, se desse custo é praticamente impossível fugir, não é necessariamente difícil diminuir seus efeitos danosos.
Estabelecer um programa mais efetivo de assistência a essas pessoas não demanda vultosos recursos. Certamente, o problema poderia ser resolvido em boa parte se houvesse empenho do poder público. Há custos sociais espalhados por capitais de todo o país. Amenizá-los não chega a ser uma tarefa árdua, mas necessita de vontade política.

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