São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Governo acena com edição de MP e recua

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das ameaças do presidente argentino, Carlos Menem, o governo deve editar nos próximos dias a medida provisória que cria regime automotivo para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Ontem à noite, a assessoria da Casa Civil chegou a mencionar a possibilidade de publicação da medida na edição de hoje do "Diário Oficial" da União. Mas acabou divulgando que a publicação não aconteceria mais.
A MP vai conceder reduções e isenções de impostos para as montadoras de automóveis que se instalarem naquelas regiões. Esses benefícios são maiores que os garantidos às empresas já estabelecidas no país -todas no Sudeste- e às que assinaram compromisso de investimento com o governo.
Na tarde de terça-feira, Menem chegou a conversar com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o assunto, em Fortaleza (CE). Horas mais tarde, ameaçou conceder benefícios equivalentes às montadoras de seu país caso o Brasil não recuasse.
"Vai haver compensação também para as montadoras do nosso lado se o Brasil insistir com os incentivos", declarou Menem, depois do encerramento da reunião de cúpula do Mercosul.
Atualmente, Brasil e Argentina têm regimes automotivos semelhantes, mas mantêm sob controvérsias os pontos que os diferenciam. No ano 2000, ambos os regimes deverão ser harmonizados.
A adoção da medida também deverá trazer mais reclamações contra o Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio), na qual já foi questionado o regime automotivo atualmente vigente.
As regras desse organismo internacional permitem que os países concedam incentivos para o desenvolvimento regional -desde que não beneficiem apenas um ou poucos setores produtivos.
Por isso, o governo pensa em ampliar as concessões a todos os setores produtivos a partir de 2000. Até lá, a diplomacia brasileira deverá arrastar as discussões e evitar que se chegue ao mecanismo de solução de controvérsias.

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