São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Governo faz ofensiva contra candidato do 'baixo clero'

Ministros e líderes reafirmam apoio a Michel Temer e ACM

MARTA SALOMON; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando político do governo interveio ontem no PSDB -partido do presidente Fernando Henrique Cardoso- para tentar manter o "acordão da reeleição", que consiste em fazer o deputado Michel Temer (PMDB-SP) e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) os novos comandantes do Congresso Nacional.
Reunidos na casa do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), líderes governistas e os ministros Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e Sérgio Motta (Comunicações) rascunharam uma nota que tenta afastar o tucano Wilson Campos (PE) da disputa com Temer.
Campos é o candidato do chamado "baixo clero", parlamentares sem expressão.
A nota, assinada depois pelo presidente do PSDB e pelos líderes na Câmara e no Senado, atropela a candidatura de Wilson Campos 24 horas após a cúpula fracassar na articulação para que o tucano renunciasse à disputa.
O texto não fala em nomes de candidatos. Mas insiste que a sustentação política do governo depende do equilíbrio entre PMDB e PFL no comando do Congresso.
Apoio
O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), disse que conta com o apoio da bancada. Ele teria conversado com cerca de 70 parlamentares, desde a noite de quarta-feira.
"Antes de apoiarem Wilson Campos, os deputados assinaram ficha de filiação", disse o líder, num apelo à fidelidade do partido ao projeto de reeleição.
A estratégia montada pelos líderes políticos da reeleição é afastar qualquer hipótese de disputa com a candidatura oficial dos governistas.
A candidatura Campos, que diz contar com o apoio de 68 dos 88 tucanos, é o mais recente obstáculo ao acordo.
No Senado, a insistência do PMDB em disputar a presidência também ameaça o rateio dos dois postos entre os dois maiores partidos, defendido pelo Palácio do Planalto.
No caso do Senado, os governistas ainda esperam convencer Iris Rezende (PMDB-GO) a desistir da candidatura e contam com a ação de Temer para dobrar os senadores peemedebistas.
Barganha
O deputado José Aníbal espera que, em troca do afastamento de Campos, os tucanos fiquem com a liderança do governo na Câmara. O cargo hoje é do deputado Benito Gama (PFL-BA).
"O PSDB é um grande partido e esse desdobramento é necessário", afirmou o líder. Mas a troca não é aceita pacificamente pelo PFL.
"Eles (PSDB) já têm a liderança no Congresso e eu acredito que o presidente esteja satisfeito com o Benito: time que ganha não se muda", reagiu o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). Ele argumenta que o PSDB já tem a Presidência da República e permanecerá com ela, caso a emenda da reeleição seja aprovada e FHC reeleito.
Na avaliação dos comandantes do projeto da reeleição, os votos à emenda constitucional estarão assegurados assim que a disputa pelas presidências estiver resolvida.
(MARTA SALOMON e DANIEL BRAMATTI)

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