São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996 |
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Bimbalham os sinos
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - Está uma farra no comércio este fim de ano. Se não uma farra de vendas, pelo menos de desrespeito ao cidadão que vai às compras.O artigo 66 do Código de Defesa do Consumidor deixa claro que constitui crime "...omitir informação relevante sobre natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos e serviços". Basta dar uma olhadinha nas dezenas de "ofertas sensacionais" veiculadas pela TV para verificar rapidamente que a lei está sendo deixada pra lá, pelo menos no item preço. Os comerciais invariavelmente destacam apenas o valor, em geral ínfimo, das prestações mensais. Mas nunca revelam qual juro será aplicado, tampouco evidenciam, deixam claro, transparente, evidente qual o valor total que o cidadão irá pagar no final das intermináveis parcelas. Cujo número, aliás, também é omitido. Um crime. O desrespeito à lei se torna desfaçatez em alguns casos. Como o de uma loja de eletrodomésticos populares do Rio que mostra, sim, o preço final do produto. Mas o valor aparece em letras minúsculas e tão rapidamente que nem o telespectador mais antenado é capaz de entender direito. O que dirá o comprador mais humilde. O estranho é que não há fiscalização, punição aos abusos evidentes em qualquer canal de TV. Quem sabe por causa do espírito de Natal... * Ontem de manhã, sem motivo aparente, recordei que Chaplin morreu numa véspera de Natal. Tentei lembrar o ano, mas não cheguei a uma conclusão (foi em 1977). E continuei a caminho do trabalho. Liguei o rádio e ouvi a notícia da morte de Marcello Mastroianni. Não haverá página de caderno de cultura que baste para abrigar todos os elogios que cabem ao genial ator. Lembrar de Chaplin, dar adeus a Mastroianni. A morte é, a arte fica. Texto Anterior: A criatura e o criador Próximo Texto: Cultura de demissão Índice |
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