São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Passageiros se apavoram com fumaça em trem

CRISTINA RIGITANO
DA SUCURSAL DO RIO

A fumaça que tomou conta dos vagões ontem de manhã deixou em pânico os cerca de 700 passageiros que estavam dentro dos dois trens envolvidos no acidente do metrô.
Temendo que as composições pegassem fogo, passageiros se desesperavam para conseguir sair dos vagões.
Vinte e duas pessoas foram atendidas no hospital Salgado Filho (Méier, zona norte do Rio).
A maioria dos atendidos estava com ferimentos leves -14 feridos foram liberados poucas horas depois do acidente.
Muita gente procurou o hospital Salgado Filho para saber se parentes estavam entre as vítimas.
Cuidados
Apenas duas pessoas precisavam de maiores cuidados: Edieure Rodrigues da Silva, que ficou internada sob observação devido a problemas cardíacos, e o estudante Cléber Pereira Pinto, 23, que teve traumatismo no tórax e fraturou costelas e a perna direita durante o acidente.
O estudante foi para casa, onde a mulher, grávida de sete meses, o aguardava.
"Sinto dor no corpo. Lembro da buzina do outro trem e da pancada forte. Todos caíram sobre mim. Não ando mais de metrô", disse Pinto.
Pelo buraco
"Estava um cheiro de fumaça danado e gritavam que ia pegar fogo. Demoraram a abrir a porta. Forcei a porta e um rapaz quebrou o vidro. Saímos pelo buraco. Salvei uma criança. As pessoas saíram pelo buraco", afirmou o porteiro Rogério Alves Pereira, 20.
O porteiro pegou o metrô em Del Castilho -região onde mora- para chegar rápido ao local de trabalho (Benfica, zona norte do Rio).
Pereira estava no último vagão do trem parado. Ele bateu com a cabeça e feriu a perna. Ele afirmou que vai consultar um advogado para decidir se vai processar o metrô devido ao acidente. "Metrô, nunca mais", disse.
Reembolso
A assistente social do metrô Marta Ramos disse que a companhia pagará despesas médicas e prejuízos dos usuários, como a calça jeans de Pereira, que foi rasgada.
Passageiros reclamaram do atendimento do metrô. "Um segurança nos xingou e queria nos agredir para que a gente saísse da estação. Queríamos o dinheiro de volta. Só devolveram o passe, que não serve para ônibus", disse Pereira.
Primeira e última vez
"Só me queixo do atendimento do metrô. O pessoal está despreparado para uma tragédia", afirmou a funcionária pública Maria Glaziela Silva de Almeida, 38, que fraturou a clavícula.
"Foi a primeira e última vez que andei de metrô", disse.
"Não houve organização", disse a estudante Luciane da Costa Fonseca, 19.

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