São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Estilo ilustra ascensão política

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O tailleur sóbrio e o coque firme prendendo os cabelos louros ficaram consagrados como a imagem de Evita. Mas esse uniforme com o qual ela discursava ao lado de Juan Domingo Perón só entrou para seu guarda-roupas depois que Evita já tinha se tornado "a madona dos descamisados', de acordo com o livro de Alicia Dujovne Ortiz.
A ascensão social e política da filha ilegítima e atriz malsucedida de rádio que vai para Buenos Aires tentar a vida -submetendo-se às vontades às vezes sexuais de produtores e diretores- é ilustrada por Dujovne com as transformações no visual da líder argentina.
A começar da infância, com as alpercatas e os aventais da escola, Dujovne relaciona personalidade e roupa. No teatro, era espalhafatosa, com vestidos floridos, chapéus deselegantes e muita maquiagem, além de cabelos pretos cacheados.
Quando se torna amante de Perón, a mudança começa. Ela vira cliente fiel do costureiro Jamandreu, que confecciona o vestido para a primeira aparição pública com o futuro presidente.
Mas, até sua viagem à Europa, suas gafes de estilo continuam acontecendo. Uma das mais célebres ocorre durante o jantar oferecido a Perón quando ele se torna presidente, como parte das comemorações de posse.
Evita aparece com um modelo de um ombro só, escolhido com a ajuda de um amigo de Perón, e se senta ao lado de um cardeal, mostrando o ombro nu e quase criando um incidente político.
(PD)

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