São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Japão nega divergência com o governo peruano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A chancelaria do Japão negou declarações atribuídas a um porta-voz do governo de que o país divergiria da posição peruana sobre a solução da crise dos reféns.
Órgãos de imprensa japoneses atribuíram a Seiroku Kajiyama a afirmação: "Japão e Peru têm idéias muito diferentes".
O porta-voz teria dito ainda que há outras pequenas diferenças entre a posição japonesa e a de outros países envolvidos na crise.
Kajiyama teria afirmado que a distância entre as intenções japonesas e peruanas atrasaria a solução da crise. Nada poderia ser resolvido se não houvesse um acordo entre os grupos, segundo as declarações atribuídas a ele.
A chancelaria do Japão afirmou que as declarações não eram oficiais e que elas teriam sido anotadas por jornalistas enquanto o porta-voz estava de "passagem", podendo estar erradas.
"As duas partes estão em total acordo", disse o chanceler japonês, Yukihiko Ikeda, depois de um encontro com o presidente do Peru, Alberto Fujimori, em Lima.
A casa do embaixador do Japão no Peru, ocupada pelos guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), é território japonês. O governo peruano precisa da autorização do Japão para eventualmente invadir a casa.
Ainda, mais de cem reféns são japoneses ou descendentes de japoneses. Entre eles está o embaixador do Japão no Peru, Morihisa Aoki.
O governo japonês defende que a proteção da vida dos reféns, detidos desde terça-feira, deva ser a prioridade número um nas negociações com os guerrilheiros.
Antes de partir do Japão para o Peru, o chanceler Ikeda disse que "a situação é difícil, mas nossa primeira preocupação é garantir que os reféns sejam libertados com segurança".
Encontro
O chanceler se encontrou ontem com representantes da comunidade japonesa no Peru.
Em outras ocasiões, o governo japonês optou por atender às exigências de terroristas para salvaguardar a vida de reféns.
Fujimori prometeu proteger a vida dos reféns numa carta de anteontem endereçada a Bill Clinton, presidente dos EUA.
Mas ontem, numa reunião do gabinete de Fujimori, os ministros concordaram em "aprovar a proposta do presidente no sentido de não aceitar a exigência dos terroristas de libertar cerca de 500 de seus companheiros presos", de acordo com um comunicado.
Fujimori trava uma longa batalha contra os grupos guerrilheiros que atuam no país. Seu respaldo social aumentou muito depois que suas medidas antiterroristas se mostraram eficientes.
Ceder às exigências dos guerrilheiros significaria um golpe muito duro na popularidade do presidente peruano.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Hiroshi Hashimoto, informou ontem que o país está aumentando a segurança nas embaixadas do país em diferentes partes do mundo.

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