São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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'Plugado' tem nove linhas e seis micros

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
ESPECIAL PARA A FOLHA

É impossível não encontrar o advogado carioca José Francisco de Araújo Lima, 53. Ele tem telefone e fax em casa e no escritório, dois celulares -um deles, com linha que funciona nos EUA também-, seis computadores, sendo dois de bolso, todos conectados à Internet e prontos para capturar as mensagens deixadas em seu e-mail (correio eletrônico), um pager e disposição para pilotar esse arsenal.
No fim do mês, a conta que ele paga não é pequena. Descontando-se os custos cobertos pela empresa em que é diretor jurídico, a Multicanal Participações, sobram para Araújo Lima cerca de R$ 700,00 em ligações telefônicas, assinatura do celular, do pager e dos provedores de acesso à Internet.
"É uma quantia considerável", reconhece. "Mas alguém que trabalha e viaja tanto como eu vê isso como um investimento necessário para a atualização e a tranquilidade. Em qualquer parte do mundo, recebo notícias, faço pesquisas, envio mensagens e falo com a minha família no Rio. Isso me deixa em paz."
Araújo Lima investiu US$ 20 mil em equipamentos, sem contar as linhas telefônicas -três em casa, uma delas exclusivamente para os computadores, e quatro no escritório, além de dois ramais.
Passa os dias "plugado" em alguma coisa, seja um telefone, seja a Internet. Pelo menos quatro vezes por dia, conecta sua agenda eletrônica a um computador, em casa ou no escritório, e atualiza dados como compromissos e números de telefone.
Não dorme sem verificar se recebeu alguma mensagem pelo correio eletrônico, e só acorda de verdade depois que liga o micro.
"Já me acostumei tanto que, quando meus filhos me pedem para ajudar na lição de casa, ligo o computador e começamos a pesquisar", conta ele. "Os menores, de seis e oito anos, já conhecem de cor o endereço da Enciclopédia Britânica."
No cartão de visitas, Araújo Lima mandou adicionar seu e-mail. Como fala inglês, francês, italiano e espanhol, tira todo o proveito possível das longas madrugadas em que, surfando na Internet, procura informações que possam ajudar em seu trabalho.
Aprendeu a ler jornais e livros online e quase não carrega mais papéis no bolso ou na pasta.
É capaz de conversar horas sobre computadores, celulares, programas e quaisquer assuntos relacionados a sua maior paixão: estar em contato com o mundo. Não passa um só dia, como ele conta, sem falar com alguma parte distante do planeta, via telefone ou Internet.
Nem nas férias ele sossega. Casado com Cristina, uma administradora de empresas que gosta de dormir cedo, Araújo Lima usa as madrugadas para pilotar um lap top. Pela manhã, quando a mulher acorda, encontra notícias da Folha e do jornal carioca "O Globo", recolhidas na Internet e já impressas, na mesinha de cabeceira. "É pura diversão, mas ela adora", diz.
(JNS)

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