São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Só duas telefônicas dividem o mercado

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

O telefone toca. Do outro lado da linha, Silvia Muñoz, 20, recebe a notícia: "Pode vir que o emprego é seu." Ela é empregada doméstica. Com telefone próprio, deixou de fazer parte dos 17,3% da população argentina desempregada.
A privatização do sistema telefônico completou seu sexto aniversário. A média de tempo de instalação da linha despencou de 18 meses para apenas um mês. Em locais próximos a Buenos Aires, a espera não dura mais do que 48 horas.
Em contrapartida, as chamadas quase duplicaram de preço.
E ainda persiste disparidade nos preços de ligações. Um interurbano de 12 minutos entre Buenos Aires e Mendoza custa o mesmo que uma conversa telefônica de 22 horas em uma chamada local.
"Fiquei quatro meses com o telefone mudo porque os técnicos não localizavam uma ruptura no cabo", diz Maria Serrudo, 70. Eram os tempos da estatal Entel.
Infra-estrututa antiquada (em Córdoba, as centrais telefônicas datavam de 1914), falta de investimento e dívidas aceleraram o ritmo da privatização da companhia, iniciada em novembro de 1990.
Para isso, o território do país e o da cidade de Buenos Aires foram partidos em duas metades.
A parte norte foi concedida para um consórcio majoritariamente francês e italiano, que passou a se chamar Telecom Argentina. O lado sul ficou com a então estatal espanhola Telefónica.
A prioridade foi a renovação das redes, com centrais digitais e cabos de fibras óptica. Os investimentos já chegam a US$ 10 bilhões.
Os serviços melhoraram bastante. Quem avaliza é a Adelco, a mais importante entidade argentina de defesa do consumidor.
As empresas também se gabam de ter conectado os lugares mais extremos do território, como El Chaltén, povoado de 80 habitantes fixos e 32 telefones, instalados de olho nos turistas que chegam para praticar alpinismo nos Andes.

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