São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Captação é positiva tanto nos fundos quanto na poupança

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A captação das principais aplicações financeiras está tendo comportamento inverso ao do final de 95. Tanto fundos quando poupança estão tendo mais depósitos do que saques.
No acumulado de dezembro até o dia 16, a poupança, por exemplo, está positiva em nada menos do que R$ 1,86 bilhão, informa o Banco Central.
Os Fundos de Investimento Financeiro, no mesmo período de dezembro, ganharam R$ 2,42 bilhões entre depósitos e resgates. Só os de 30 dias perderam R$ 16 milhões (ver tabela).
O estoque de CDBs prefixados em 13 de dezembro, de R$ 86,58 bilhões, estava abaixo do final de novembro (R$ 87,33 bilhões), o que pode indicar retranca prévia contra a CPMF. Mas aqui a comparação é difícil porque fundos também compram CDBs.
Em todo final de ano há, tradicionalmente, maior expansão monetária porque cresce o giro de dinheiro manual e paga-se o 13º salário.
O economista Joaquim Elói Cirne de Toledo, professor da USP e vice-presidente da Nossa Caixa Nosso Banco, dá uma explicação adicional para a atual onda de depósitos.
No final do ano passado, explica, a economia vivia ainda uma fase de contração do crédito.
Os bancos estavam, preferencialmente, cobrando empréstimos. Havia um temor generalizado ao crédito. Para pagar, o devedor é obrigado a sacar dinheiro de suas aplicações -ou vender bens.
"A restrição ao crédito acaba destruindo dinheiro", afirma.
Neste ano, a situação é inversa. Há expansão das operações de crédito e nesse processo os bancos "criam dinheiro".
Num exemplo simplificado: a partir de um depósito hipotético de 10, um banco concede crédito de 5 e, com o tomador aplicando esse dinheiro, o total de depósitos passa a ser de 15.
A atual expansão do crédito não deve afetar a inflação, na opinião de Toledo, porque a economia está aberta e o câmbio é administrado.
Mas, para o economista, o déficit externo (das transações correntes, e não só da balança comercial) é preocupante e tem relação com o consumo interno.
Para Toledo, um déficit externo equivalente a 3% do PIB, admitido como razoável pelo governo, é perigoso porque sua trajetória é de crescimento.
Há contas relacionadas ao déficit externo que não podem ser cortadas. É o caso dos juros e da amortização da dívida externa. Menos importações, entretanto, podem significar, por exemplo, menos despesas com frete e seguro, que entram na conta de serviços, e não na balança comercial, diz Toledo.

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