São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Funcionários comemoram Natal gordo

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Papai Noel nem desceu pela chaminé e muita gente já está fazendo a festa. É que várias empresas estão proporcionando um Natal gordo para os seus profissionais.
Na onda da participação nos resultados e em busca de competitividade, muitas empresas estão longe de se limitar ao 14º salário.
Algumas chegam a pagar oito vezes a remuneração mensal de alguém, dependendo do desempenho da empresa e da pessoa (veja exemplos no quadro abaixo).
"Meu Natal não vai ser gordo, vai ser enorme", comemora Cristina Costa, 29, secretária executiva da Natura, empresa de cosméticos.
"Já comprei meu carro zero, um Gol, o meu sonho. Estou aqui há um ano e três meses e vejo que muitas empresas boas ainda não concedem o 14º, que deixa as pessoas daqui loucas de felicidade."
"É uma iniciativa que, apesar de ser dada no Natal, fica o ano inteiro na cabeça dos nossos colaboradores", afirma Fernando Porchat, 56, diretor de RH (recursos humanos) e qualidade total da Natura.
O empregado, segundo ele, pode chegar a ganhar até mais de oito salários extras, dependendo dos resultados da empresa.
Acaba de sair um pesquisa da consultoria Coopers & Lybrand, entre 120 empresas, que revela: só 23% das empresas já definiram e implantaram programas de participação nos lucros ou resultados.
Dessas, porém, pouquíssimas gostam de divulgar o que concedem aos seus funcionários -pelo simples fato de uns receberem muito mais do que os outros.
"Preferimos não divulgar, porque os benefícios são bem diferentes", afirmou o assessor de uma instituição financeira.
"Não sei como uma informação como essa não vaza", afirma Porchat, da Natura, onde os benefícios são extensivos a todos.
Prova disso é o analista de suporte trainee William Rocha Popadiuk, 20. Desde que entrou, aos 14 anos, como office boy, ele recebe. "Não há discriminação", diz.
Outra que não só fez a festa -mas o casamento- com o extra foi Vânia Rinaldi Martinez de Macedo, 23, técnica administrativa.
Ela trabalha há dois anos e meio na Localiza, empresa que divide 10% dos lucros. "Neste ano estou na expectativa", conta.
A Ford resolveu dividir os mesmos R$ 2.600 para todos os que ocupam até o primeiro nível de gerência. "É bom, se pensarmos que nossa média salarial é de R$ 1.200", diz Carlos Marino, 49, diretor de relações trabalhistas.
Sonia Márcia Donadon, 39, especialista de RH da Xerox, também comprou seu primeiro carro zero, um Escort preto, com o dinheirinho a mais que recebeu.
Outras empresas preferem sortear -acham mais justo. É o caso da Alcantara Machado/Divisão Incentivos, empresa especializada em desenvolver programas de motivação, que distribuiu "vips cheques" de até R$ 1.000, que dão direito a compras em 14 mil lojas.
"Há muitas empresas generosas, que reservam hotel com tudo pago no exterior ou que fecham parques de diversões", conta o consultor Gutemberg B. de Macedo, da Gutemberg Consultores.
Segundo ele, algumas antecipam o ano fiscal para outubro, com a intenção de pagar o extra em dezembro. "Nosso programa é colocado em prática quando fecha o balanço", afirma José Eduardo Lotfi, 33, gerente da Monsanto.

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