São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Suspeitas começaram durante governo no Arkansas

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os nomes de Bill e Hillary Clinton têm sido associados a questões de suspeita de falta de ética há muito, desde que ele governava o Estado de Arkansas (sul dos EUA).
As relações entre Clinton e empresários de Arkansas sempre foram vistas com desconfiança, assim como o súbito enriquecimento de Hillary, graças a ações extremamente lucrativas que comprou na bolsa de mercado futuro.
O mais famoso caso envolvendo Clinton é o Whitewater, ainda sob a investigação do promotor independente Kenneth Starr, no qual já houve a condenação de 13 pessoas, inclusive os ex-sócios e ex-melhores amigos do casal Clinton, James e Susan McDougal.
Mas Whitewater, um emaranhado de intrincadas questões fiscais de uma empresa imobiliária pertencente aos Clinton e aos McDougal, nunca foi considerado importante para o público. Apesar de a maioria dos americanos achar que o presidente e a primeira-dama provavelmente fizeram algo de ilegal no episódio, não acredita que isso os impeça de liderar o país.
O presidente está sendo também processado por Paula Jones, uma ex-funcionária pública de Arkansas, que o acusa de assédio sexual: quando governador, ele a convocou para um quarto de hotel, onde, segundo Jones, Clinton baixou as calças e lhe pediu que fizesse sexo oral. A Suprema Corte vai decidir em 1997 se a ação pode prosseguir com Clinton na Presidência.
Outro caso em andamento é o das pastas da polícia federal dos EUA (FBI), com dados sobre 900 cidadãos, inclusive líderes da oposição, ilegalmente solicitadas por membros da Casa Branca. Clinton disse que o episódio foi "um erro burocrático honesto" e demitiu o responsável. Mas o promotor do caso Whitewater foi autorizado pela secretária da Justiça, Janet Reno, a investigar também esse caso.
Starr ainda recebeu ordens para apurar outro episódio nebuloso do início do primeiro governo de Clinton, chamado de Travelgate, a demissão sumária de todos os funcionários do escritório encarregado de viagens do presidente, seu "staff" e do corpo de imprensa da Casa Branca e a tentativa de substituí-lo por um grupo liderado por amigos dos Clinton de Arkansas.
A Justiça obrigou a Casa Branca a contratar novamente os demitidos e barrou a transferência do escritório. Mas Starr quer saber se Clinton e Hillary intervieram pessoalmente no caso e por que.
Apesar de tantos problemas, nem Clinton nem Hillary foram até agora formalmente acusados de nenhuma ilegalidade, embora ambos tenham sido chamados a depor em julgamentos de outras pessoas.
(CELS)

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