São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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FHC, o melhor, por WO

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Não consigo escapar ao hábito de dar a cara para bater. Então, vamos lá: terminada a metade de seu mandato, é justo dizer que Fernando Henrique Cardoso está sendo o melhor presidente desta segunda metade do século.
Na verdade, é menos mérito dele e mais fruto da comparação com seus antecessores. Fernando Collor dispensa comentários. Foi apenas um aventureiro.
José Sarney entregou o cargo com inflação de 80% ao mês, o que é desqualificador. Itamar Franco passou quase despercebido, ainda que, em tese, seja dele o Plano Real.
Mas quem acompanhou a gestação do plano sabe perfeitamente que sua contribuição foi pífia.
Os presidentes militares nem podem entrar na comparação, pelo déficit democrático de suas gestões, o que, para o meu gosto, tem caráter eliminatório em qualquer competição.
Jânio Quadros e João Goulart foram breves demais e tiveram gestões tumultuadas demais.
Resta, a rigor, Juscelino Kubitschek, no já remoto período 56/61. Contra ele, pesa o fato de não ter conseguido eleger seu sucessor, embora possa se dizer que a situação da época escolheu mal o candidato para enfrentar Jânio, o nome da oposição.
Mas nem o fato de estar sendo o melhor presidente em muitos anos confere a FHC o título de estadista, que, suponho, seja o seu sonho maior.
O país que FHC governa continua sendo obscenamente injusto e tremendamente pobre. Não é culpa dele, claro, pois se trata de uma situação que vem de séculos e não pode mesmo ser corrigida em dois anos.
Mas FHC ainda tem dois anos para gravar a fogo na agenda nacional a necessidade de começar a superar essas chagas monstruosas. Duvido que o faça, pelo que demonstrou até agora, mas torço para que me engane e possa, daqui a dois anos, dizer que foi o melhor por mérito próprio e não pelas carências alheias.

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